Sacolas plásticas e papelão espalhados pelo chão, restos de alimentos junto ao meio-fio, mau cheiro, ratos e moscas. Estes são alguns dos motivos apontados por comerciantes, profissionais liberais e comerciários estabelecidos no entroncamento das ruas General Neto e Andrade Neves, no Centro, para justificar o desagrado com a presença de três contêineres de recolhimento de lixo colocados naquele local.
“Em dias de calor o cheiro é insuportável, sem falar que em dias de chuva o lixo solto corre até adiante e entope o esgoto causando alagamentos no Calçadão”, comentou o gerente Júlio Porto, que há cinco anos convive com a esquina problemática. Para a comerciante Laci Afonso, que trabalha em uma carrocinha de cachorro-quente a situação é ainda pior. “Tem dias em que a freguesia desiste de fazer lanche por causa do cheiro, por isso às vezes eu tenho de pegar um balde com desinfetante e jogar ali para tentar amenizar as coisas”, disse. Tanto quanto o cheiro ruim, a presença constante de ratos e moscas é outro motivo de queixas na área.
Revoltados com a situação, quem trabalha por ali aponta três causas básicas para o problema: a realização de apenas uma coleta diária do lixo acumulado nos contêineres, a ação dos catadores e a utilização inadequada das estruturas. “Como não há mais a identificação dos contêineres, o pessoal joga todo o tipo de lixo misturado ali dentro, sem qualquer critério”, explicou o biólogo Ivan Vaz, que mantém um escritório em um prédio próximo à esquina.
A ação dos catadores, embora considerada útil, é apontada como inadequada, uma vez que ocorre sem qualquer preocupação de manter a limpeza da rua. No final da manhã de ontem (4/4), a reportagem testemunhou isso, quando um casal de catadores revirou sacolas e sacos de lixo dos contêineres, jogou restos de comida sobre a calçada e depois foi embora, deixando para trás um rastro de sujeira.
O que diz o responsável pelo recolhimento
O diretor industrial do Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (Sanep), Luís Aleixo, disse que o assunto foi pauta de uma reunião realizada na semana passada com dirigentes do Sindicato dos Bares, Hotéis, Restaurantes e Similares e que as soluções estão sendo providenciadas. “A primeira providência foi aumentar para duas o número de coletas diárias”, disse. Aleixo afirma que além de coletar o lixo pela manhã e à noite, o Sanep irá providenciar a mudança dos contêineres para a calçada da frente e, também, a fixação das estruturas para evitar que sejam removidas. Paralelamente será feito um trabalho de conscientização junto aos comerciantes para que utilizem os equipamentos de forma adequada. “O pessoal tem que ajudar selecionando o lixo, colocando-o nos lugares e horários certos”, afirmou. Os laranjas são destinados ao lixo orgânico e os verdes ao reciclável.
(Por Michele Ferreira, Diário Popular, 05/04/2007)