A ocorrência do metal manganês, que ainda dá coloração escura à água em algumas regiões abastecidas pela barragem Santa Bárbara, foi o assunto de ontem pela manhã, no auditório da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). O engenheiro químico, José Luiz Diniz Barradas, pós-graduado em Saneamento Ambiental pelo Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IPH/UFRGS), prestou esclarecimentos ao longo de uma hora e dez minutos.
Além de mencionar as principais causas do problema, Barradas discorreu sobre sua experiência junto a municípios, como Porto Alegre, que há 30 anos precisa monitorar as concentrações do metal, para tomar medidas preventivas antes que ele chegue à rede de distribuição e cause transtornos à população. O engenheiro aproveitou a oportunidade para fazer um alerta: “A situação pode se agravar, por isso essa pode ser uma tarefa de meses, talvez de anos a fio”, adiantou o técnico.
A combinação entre tubulações velhas - que facilitam o surgimento de incrustações - estiagens cada vez mais prolongadas, aumento da incidência de algas e a entrada de resíduos industriais e de esgoto domiciliar na barragem (através da Sanga da Barbuda) forma o que Barradas chamou de “bomba relógio.” A união desses fatores ajuda a elevar os níveis de manganês na Santa Bárbara - explicou - e, portanto, deverão requerer medidas que evitem ou controlem a presença do metal após o tratamento da água.
Há cerca de dez dias as análises realizadas pelo Sanep indicam que o problema está resolvido. O líquido que ainda chega escuro a residências - principalmente do bairro Fragata - refere-se aos resíduos do manganês que permanecem nos encanamentos. A que deixa a Estação está dentro dos padrões.
Ações previstas
As limpezas da rede, que ocorrem através da abertura da tubulação e o escoamento da água turva, terão seguimento hoje. No roteiro está a subadutora do reservatório do Residencial Guabiroba. A avenida Duque de Caxias, com João Carlos Cortelari e as ruas Bernardo José de Souza, com Alcides Maia também estão nos planos da autarquia, que começou as descargas na madrugada do dia 27 de março.
A construção de lagoas de tratamento dos efluentes junto à Sanga da Barbuda também compõe as prioridades do Sanep, para reduzir a carga orgânica que chega à barragem. São as chamadas lagoas de estabilização. “O Sanep não está parado; está tomando as medidas necessárias e vai continuar”, garantiu o diretor-presidente, Ubiratan Anselmo. Situações de excesso de água, devido ao descarte do líquido sujo, podem ser conversadas com a autarquia, através do telefone 3026-1144.
(Por Michele Ferreira, Diário Popular, 05/04/2007)