O aquecimento global começa a ter um impacto significativo na vida marinha australiana, empurrando peixes e pássaros que deles se alimentam para o sul e ameaçando os recifes de coral, informou a Commonwealth Scientific and Industrial Research Organization (Organização de Pesquisa Científica e Industrial da Commonwealth) na quarta-feira (04/04).
Conseqüências mais severas - oceanos mais quentes, mudanças nas correntes, distúrbios nos ciclos reprodutivos e migração de espécies - podem ocorrer nas próximas décadas, afetando a vida marinha, comunidades pesqueiras e o turismo. Espécies de tartarugas, atuns e águas-vivas já estão migrando para o sul, diz o relatório da organização. Este foi o primeiro estudo de grande porte na região australiana que reuniu pesquisadores do clima, ecologistas e cientistas.
Corais
Os corais na Grande Barreira da Austrália poderão sofrer branqueamentos mais freqüentes, a cada dois ou três anos. Atualmente, isso ocorre a cada cinco ou seis anos. Os oceanos também estão ficando mais ácidos com o aumento do nível de dióxido de carbono na atmosfera. Isso deve prejudicar organismos que usam cálcio para carbonatar seus esqueletos e conchas, como corais e moluscos. O sudeste da Austrália será duramente atingido, e o resultado deve ser o declínio do número de peixes na costa leste do país.
Migração humana
O aumento aguardado de migração humana para a costa australiana nos próximos dez a 20 anos, por causa das temperaturas em elevação, também acrescentaria pressão aos mares da região, afirmou Hobday. Isso tudo viria acompanhado, ainda, da elevação do nível do mar, que levará à erosão costeira. Na sexta-feira (6), o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), da ONU, apresenta um novo relatório sobre os efeitos do aquecimento global.
(Folha Online, 04/04/2007)