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2007-04-05

O momento deveria ser muito bom para a Vestas, uma companhia dinamarquesa que fabrica mais de um quarto das turbinas de vento existentes no mundo. O negócio da energia eólica está aquecido e a companhia registrou lucro em 2006, graças a um aumento de 8% na receita. Mas a Vestas diz que há uma "capacidade de produção inexplorada significativa", resultante da falta de componentes de alta qualidade para a fabricação das turbinas. Outras companhias queixam-se da falta de caixas de engrenagens e rolamentos.

 

As preocupações das empresas que trabalham no ramo da energia eólica são parecidas com as das companhias do setor de energia solar, que também está aquecido, mas onde uma falta de polisilicone vem prejudicando o crescimento. O silicone é produzido a partir da areia, que é abundante, mas não há refinarias suficientes para transformá-la em polisilicone. Como resultado, os preços dos contratos futuros de silicone mais que dobraram, para US$ 70 ou US$ 80 o quilo, nos últimos três anos.

 

Nos dois setores a demanda disparou e a oferta não está acompanhando. O negócio da energia eólica está crescendo mais de 30% ao ano no mundo, com os Estados Unidos na liderança. (A Energias de Portugal se tornou a mais nova companhia de serviços públicos da Europa a investir nas usinas eólicas, com a aquisição da Horizon Wind Energy por US$ 2,2 bilhões) E quando um plano de incentivo à energia solar foi implementado na Alemanha em 2004, a demanda na Europa dobrou, diz Ron Kenedi da Sharp, maior fabricante de células de energia solar do mundo.

 

Em nenhum dos dois casos os problemas de oferta serão solucionados rapidamente. As turbinas geradoras de energia eólica são máquinas gigantescas formadas por muitos componentes. Várias empresas estão construindo novas fábricas: a Vestas acaba de anunciar sua primeira unidade nos Estados Unidos, que vai produzir lâminas no Colorado. Mas as novas fábricas levarão vários anos para trabalhar em velocidade. Enquanto isso, compradores estão pagando depósitos para reservar suas turbinas. A GE Energy, a maior instaladora de turbinas dos Estados Unidos, já está com a agenda tomada até o fim do ano que vem.

 

De modo parecido, os grande produtores de polisilicone, incluindo a Hemlock e a MEMC, estão aumentando a capacidade de produção, segundo afirma Rhone Resch, da Solar Energy Industries Association. Mas parte da produção adicional das duas irá para as fabricantes de chips, que são os maiores compradores de polisilicone (embora a indústria da energia solar esteja para assumir a liderança). Portanto, a falta de polisilicone e os preços altos associados a ela não terão solução pelo menos até 2009.

 

A Sharp abriu uma refinaria de silicone - a primeira - no Japão em janeiro. Na medida que os painéis solares ficam mais finos e eficientes, menos silicone é necessário. E novas células solares de "filme fino", que estão sendo promovidas pela Sharp e uma série de companhias, exigem pouco ou nenhum polisilicone, sendo menos vulneráveis a problemas de oferta.

 

A indústria da energia eólica, enquanto isso, está contando que o governo americano vai correr em sua ajuda. Um crédito fiscal federal concedido à energia eólica já venceu três vezes nos últimos anos. De fato o repique recente da atividade no setor de energia eólica pode ser creditado, em parte, aos esforços das empresas para aproveitarem o crédito fiscal atual, que vence no fim de 2008, segundo observa Vic Abate, diretor da área de recursos renováveis da GE Energy.

 

Os créditos que expiram a cada ano ou dois provocam expansões e contrações súbitas do mercado, tornando difícil para as fabricantes de turbinas fazer planos de longo prazo. Os defensores da energia eólica afirmam que isso está amarrando o setor. Se o Congresso americano ampliasse o crédito por dez anos - e aprovasse um "padrão de portfólio renovável" exigindo que, digamos, 15% da energia produzida nos EUA fosse solar, eólica ou de outras fontes alternativas - os lobistas ficariam encantados.

(The Economist, 05/04/2007)


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