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2007-04-05
Os estudos realizados pelas equipes do Centro de Recursos Ambientais, órgão estadual de meio ambiente do estado da Bahia(CRA), Ibama, em colaboração com professores da Fundação Universidade de Rio Grande (FURG), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), Cefet, DPT, técnicos do Projeto Mama e outras instituições concluíram que a causa da mortandade de peixes no Noroeste da Baía de Todos os Santos foi a floração de um dinoflagelado, Gymnodinium sanguineum. A presença deste organismo em altas densidades causa alteração na cor da água, que provoca o aparecimento de manchas de coloração avermelhada, típicas do fenômeno conhecido como Maré Vermelha.

As marés vermelhas ocorrem em diversas regiões costeiras e oceânicas do mundo e podem ser causadas quando as microalgas do plâncton encontram um ambiente favorável, como por exemplo, riqueza em nutrientes e condições oceanográficas estáveis. As microalgas são organismos unicelulares e microscópicos - 20 vezes menor que a cabeça de um alfinete-, que constituem a base da cadeia alimentar aquática. Algumas espécies podem produzir toxinas ou ser nocivas aos organismos aquáticos.

A mortandade dos peixes observada na Baía de Todos os Santos, a partir do dia 6 de março, propiciou, primariamente, às altas densidades da espécie G. sanguineum - máximo de 3 milhões de células por litro. Nestas altas densidades, as microalgas produzem grande quantidade de matéria orgânica, a qual causa a obstrução das brânquias dos organismos aquáticos, levando-as a morrer por asfixia. A situação foi agravada pela redução do oxigênio disponível na água em função da decomposição da matéria orgânica gerada. Este quadro tipifica uma ocorrência clássica de maré vermelha.

O evento se concentrou na região da desembocadura do canal de São Roque do Paraguaçu, entre Salinas das Margaridas e Santo Amaro, incluindo as localidades de Bom Jesus dos Pobres, Cabuçu, Itapema e Acupe. Posteriormente, outras comunidades adjacentes foram afetadas. No momento, há sinais que as manchas antes presentes na região retrocederam e foram dispersadas com redução significativa de suas densidades originais.

O organismo em questão não produz toxinas, não representando, desta forma, riscos à saúde humana. Sem embargo, não há registros de intoxicação humana nas localidades atingidas que possam ser relacionados ao caso em questão. Os efeitos foram limitados aos peixes, suas larvas, alguns crustáceos e organismos do zooplâncton. Embora não seja possível determinar eventuais padrões de recorrência ou repetição do evento, cabe afirmar que os efeitos agudos que existiram, não mais estão presentes.

Os efeitos nocivos causados por esta floração estão de acordo com relatos científicos encontrados para outros lugares do mundo. Embora algumas espécies de microalgas possam produzir toxinas, e estas afetem o ser humano, este não foi o caso para a baía.

Caso recente de maré vermelha com produção de toxinas ocorreu em Santa Catarina, em janeiro de 2007, quando ostras e mexilhões foram afetados, levando as autoridades à suspensão da comercialização e consumo dos mariscos. Nesse caso, não houve mortandade de peixes.

Assim, a partir das análises realizadas foi verificado que o evento ocorrido na baía não causa problemas ao ser humano. Portanto, não há restrição à utilização das praias para o banho de mar. Por fim, os estudos realizados não encontraram indícios de que o consumo do pescado represente riscos à saúde humana, apesar do Ibama manter o decreto da suspensão da pesca na área por um período de dois meses a contar de 29 de março.

Coletiva
A diretora Geral do Centro de Recursos Ambientais, Beth Wagner, junto ao secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Juliano Matos, o superintendente do Ibama- Ba, Célio Costa Pinto, o diretor da Embasa, Abelardo Oliveira, o diretor da Bahia Pesca, Aderbal Gomes da Silva e os professores Eduardo Mendes da Silva, do Instituto de Biologia da UFBa e Luis Proença, da Universidade do Vale do Itajaí, de Santana Catarina, falaram à imprensa no final da tarde desta quarta-feira, dia 4, no CRA, quando detalharam, quando arguidos, sobre os resultados dos laudos técnicos.
(Assessoria de Comunicação - SEIA/BA, 04/04/2007)

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