Quem passou ontem (3/4) pela avenida Ipiranga, em Porto Alegre, se deparou com uma cena que está cada vez mais comum: a grande quantidade de espuma nas águas do arroio Dilúvio. Ontem, o fenômeno foi observado em diversos pontos do local, principalmente nas proximidades da rua Barão do Amazonas. Segundo o supervisor de Meio Ambiente da Smam, Walter Koch, a espuma é provocada pelo excesso de produtos químicos - como detergentes e xampus - jogados na rede de esgoto. "Como o município não tem toda a rede de esgoto separada, cerca de um terço da água utilizada pelos porto-alegrenses vai parar no Dilúvio, inclusive a cloacal", disse.
"As pessoas também têm que ter consciência ao utilizar esses químicos. O ideal é comprar produtos biodegradáveis, que não prejudicam o meio ambiente", explicou. As ligações de esgoto clandestinas pioram ainda mais a situação, já que os produtos químicos e outros materiais poluidores vão parar no arroio sem qualquer tipo de tratamento. No início do ano, o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) vistoriou 8 mil residências de Porto Alegre em busca dessas redes clandestinas.
A poluição das águas é tanta que os poucos peixes do arroio estão morrendo. Na semana passada, houve uma grande mortandade de animais, com causas ainda não-identificadas. "Além de peixes, outros bichos dependem do arroio, como pássaros e tartarugas. Por isso é tão importante diminuir o índice de poluição", disse Koch.
A espuma chegou a chamar a atenção do secretário estadual de Obras Públicas e Saneamento, Paulo Azeredo. "Vou pedir explicações ao Dmae sobre a origem dessa situação, já que toda a água poluída vai parar no Guaíba. Alguma coisa está errada, e deve haver uma providência", afirmou.
(Jornal do Comércio, 04/04/2007)