Preocupados com o risco de danos ambientais a um dos principais rios da região, alunos e moradores de Guaporé, na Serra, protestaram ontem (3/4) no Rio Carreiro. Munidos de faixas e cartazes, mais de cem pessoas promoveram um abraço simbólico às turvas águas do rio e plantaram árvores em uma das margens. Eles temem que a construção de três pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) provoque prejuízos irreversíveis ao ecossistema.

O projeto das obras ainda não foi liberado pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), mas já está provocando polêmica no município de 22 mil habitantes. Na última semana, uma audiência pública sobre o tema na Casa de Cultura da cidade reuniu aproximadamente 1,5 mil pessoas. Até mesmo um telão teve de ser instalado às pressas para que a comunidade acompanhasse o debate.

Na ocasião, o prefeito Antônio Carlos Spiller (PP) e o conselho municipal de meio ambiente expuseram publicamente que são contrários à idéia.

Ambientalista teme que miniusinas matem o rio
Segundo a presidente da organização não-governamental Vida e Meio Ambiente (Vime), a arquiteta Ana Maria Postal, 59 anos, como outras três PCHs já foram liberadas no Carreiro - nos municípios de Serafina Corrêa, Cotiporã e Dois Lajeados -, a colocação das miniusinas em Guaporé pode causar a morte do rio.

- Em um momento em que se fala tanto na preservação das águas e do ambiente, não é possível que a Fepam, como órgão fiscalizador, não cuide deste precioso recurso que temos aqui - diz Ana.

Tentando segurar nas mãos as águas do Carreiro, Matias Formagini, 12 anos, aluno da 6ª série da Escola Estadual de Ensino Médio Frei Caneca, também se mostrava inconformado com a possibilidade de ver o local sofrer as conseqüências que o represamento pode causar.

- Eu adoro esse rio e acho um absurdo o que querem fazer com ele - brada o estudante, que além de colegas do mesmo colégio, teve a companhia de alunos da Escola Estadual de Ensino Médio Bandeirante.

Contraponto
O que diz a Fepam, por meio de sua assessoria de imprensa
Em audiência realizada há uma semana, a prefeitura e o conselho municipal de meio ambiente de Guaporé se posicionaram contrários à construção das pequenas centrais hidrelétricas. Foi solicitado então que estas entidades enviassem à Fepam um estudo sobre os impactos ambientais que as construções causariam ao ecossistema local. Até o momento, nada foi enviado, e a Fepam aguarda esse estudo para se posicionar sobre o tema.
(Por Cleber Bertoncello, Zero Hora, 04/04/2007)