A I Assembléia dos Indígenas da Cidade de Manaus (AM), que tem como tema "Manaus, mostra tua cara indígena", começou nesta terça-feira (03/04), reunindo representantes de comunidades indígenas urbanas e de zonas rurais, num total de 250 participantes. Em pauta, a cobrança pela implementação de uma política indigenista realmente eficaz. Estima-se que em Manaus, existam mais de 15 mil indígenas urbanos que não têm os seus direitos básicos garantidos.
A pressão sobre as autoridades governamentais presentes no encontro foi forte. Os participantes, afirma o presidente da União dos Povos Indígenas de Manaus (Upims), Aldenor Silva Tikuna, querem concluir os trabalhos construindo um documento que servirá de base para o texto do programa de políticas públicas. Para o diálogo, foram convidados representantes das pastas de Saúde, Educação, Infra-estrutura, entre outros.
Em sua avaliação, é de causar indignação que até o momento, com todo o histórico que tem Manaus, por ficar num Estado onde há a maior concentração da população indígena no Brasil (15,45%), ainda não se tenha implementado os programas que atendam as necessidades básicas desta população, que segue esquecida pelas autoridades locais.
As lideranças chegaram a formular uma proposta de políticas públicas - englobando uma série de tópicos, como cultura, educação, saúde, entre outros - e apresentar na Assembléia Legislativa. Mas, segundo Aldenor, essa proposta não contou com o menor respaldo do poder público local.
Outra demanda dos indígenas de Manaus é com relação à Coordenadoria de Promoção aos Direitos Indígenas, criada o ano passado dentro da Secretaria de Promoção aos Direitos Humanos. "Até agora, sem nenhum exagero, essa Coordenadoria não fez absolutamente nada pelos povos indígenas. Alegam que não tem orçamento", afirmou.
Os indígenas acordaram, como ponto de reivindicação, que a Coordenadoria seja dirigida por um (a) indígena. "Precisamos de uma pessoa que realmente entenda as nossas necessidades e nos respeite em nossos direitos", afirmou.
Nesta quarta-feira (04/04), os participantes da I Assembléia realizarão, com apoio do Conselho Indigenista Missionário e Pastoral Indigenista, uma passeata que saíra da Praça Dom Pedro e seguirá em direção à Praça da Saudade.
Ainda hoje, no município de São Gabriel das Cachoeiras, no interior do Amazonas, a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn) e do Instituto Socioambiental (ISA) entregam ao ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, um abaixo-assinado que pede o fim da impunidade na região.
De acordo com a Agência Brasil, a iniciativa faz parte das atividades previstas pelo Movimento contra a impunidade em São Gabriel das Cachoeiras, que conta com o apoio de outras organizações, como escolas e conselhos que atuam na área de direitos humanos. O encontro com o ministro ocorrerá quase três meses depois do assassinato da indígena da etnia Baniwa Marina Macedo, de 22 anos.
"Há muitos anos a violência urbana e o clima de impunidade atingem nossos indígenas em São Gabriel. O estopim para iniciarmos esse movimento foi o homicídio de uma mulher indígena, estuprada, espancada, morta e jogada em frente à sede da Federação", afirmou.
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Adital, 03/04/2007)