O Greenpeace montou na segunda-feira (02/04) uma arca gigante no centro de Bruxelas, capital da Bélgica, para comunicar aos governos e ao público em geral que ainda há tempo para salvar o clima do planeta. A organização também ressaltou a necessidade de agir imediatamente para evitar uma catástrofe climática que ameaça todas as formas de vida no planeta.
O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), da ONU - Organização das Nações Unidas, estará reunido durante toda a semana em Bruxelas para acordar e concluir sua avaliação sobre os impactos do aquecimento global. Os resultados serão divulgados na próxima sexta-feira (06/04). Este é o segundo dos quatro grandes relatórios sobre mudanças climáticas que o IPCC divulgará em 2007.
“Cada relatório do IPCC indica que as mudanças climáticas aumentam os riscos para todas as formas de vida. Quanto maior a temperatura do planeta, maior a ameaça”, disse Stephanie Tunmore, da campanha de clima e energia do Greenpeace, que está em Bruxelas. “Nos últimos 20 anos, o número de pessoas afetadas por eventos climáticos extremos e outros desastres naturais ao redor do mundo quase triplicou. A maior parte destes eventos ocorreu justamente nos países em desenvolvimento, com impactos diretos nas populações mais vulneráveis”.
O Greenpeace defende a imediata redução nas emissões de gases do efeito estufa para que a média do aumento da temperatura não ultrapasse 2 graus Celsius. De acordo com a organização, as emissões globais devem ser reduzidas pela metade em 50 anos e eliminadas completamente em cem anos.
O segundo relatório do IPCC deverá se aprofundar nos impactos do aquecimento global. Espera-se que o documento traga informações sobre a vulnerabilidade da Amazônia ao aumento da temperatura na região. Em seu relatório de fevereiro de 2007, o IPCC expressou uma certeza maior do que 90% de que grande parte do aquecimento observado nos últimos 50 anos foi causada por atividades humanas.
O relatório concluiu – a partir de observações do aumento na média global das temperaturas do ar e dos oceanos, derretimento das calotas polares e aumento na média global do nível do mar – que o aquecimento do sistema climático é claro e patente.
“Hoje conhecemos muito melhor as mudanças climáticas e seus impactos: nós sabemos o que está acontecendo, por quê está acontecendo e o que devemos fazer. Não há mais desculpas para não agir”, disse Marcelo Furtado, diretor de campanhas do Greenpeace no Brasil. “No caso do Brasil, quarto maior poluidor da atualidade, o combate ao desmatamento da Amazônia, responsável por cerca de 70% de nossas emissões, e a construção de uma matriz energética renovável são os caminhos para combater o aquecimento global”.
Para contribuir com a solução, o Greenpeace lançou recentemente o relatório (R)evolução Energética - Brasil, um guia prático que mostra a viabilidade de uma matriz energética estruturada em fontes renováveis – ventos, sol e biomassa – e uso racional da energia, sem comprometer o crescimento econômico do país e contribuir para piorar o efeito estufa. Em 2006, a organização publicou o relatório e documentário “Mudanças de Clima, Mudanças de Vidas”, o primeiro estudo sobre impactos do aquecimento global no Brasil.
(Greenpeace, 03/04/2007)