(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
2007-04-03

O tipo de edifício onde vivemos ou trabalhamos e o uso que lhe é dado geram boa parte das mudanças climáticas que preocupam os cientistas. A energia consumida nesses locais se traduz em gases poluentes, desperdício de água e materiais de construção no lixo. Na América do Norte, entre 11% e 30% da emissão de gases que causam o efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global, é gerada pelas edificações, que gastam grande parte da eletricidade disponível, água e matérias-primas, entre elas madeiras preciosas extraídas muitas vezes de maneira ilegal, e compostos plásticos como o policloreto de vinila (PVC), prejudiciais à saúde.

 

Somente nos Estados Unidos, gerador de quase um terço dos gases que provocam o efeito estufa no mundo, as edificações consomem cerca de 65% de toda a eletricidade, 40% das matérias-primas e 12% do abastecimento de água. No México, que emite 2% desses gases, os edifícios gastam 20% da eletricidade, da qual 80% produzidos por queima de combustíveis. Esses dois países, que junto com o Canadá integram a Comissão de Cooperação Ambiental da América do Norte (CCA), procuram reduzir o impacto deste setor na mudança climática, que, segundo a maioria dos cientistas, acontece pelo acúmulo na atmosfera de gases procedentes sobretudo da queima de combustíveis fósseis.

 

Especialistas dos três países analisam o assunto desde o começo do ano, e prometem para setembro um amplo informe que incluirá recomendações aos governos. O objetivo é diminuir as construções poluentes e dar prosseguimento às sustentáveis, que se integram ao meio ambiente de forma amigável, consomem pouca eletricidade e, idealmente, processam a água e o lixo, além de propiciar particular conforto aos seus habitantes. Porém, a meta está mais próxima, ladeira acima. “O desenvolvimento da construção verde é incipiente e não existe uma política-eixo dos governos na matéria”, disse David Morillón, especialista da Universidade Nacional Autônoma do México e um dos que redigiram o informe final da CCA.

 

Entretanto, já existem alguns planos em andamento, e dezenas de arquitetos, engenheiros e pesquisadores das Américas do Norte e do Sul trocam informações por meio da Internet, às vezes organizando seminários sobre construção “verde”. Nos últimos seis anos, Canadá e Estados Unidos desenvolveram novas normas ambientais para as construções, firmas privadas criaram certificados para as construtoras de edifícios sustentáveis e surgiu um serviço marginal de hipotecas “verdes”, que empresta dinheiro sob condições ambientais. Mesmo assim, a porcentagem de prédios ecológicos nesses países não passa dos 10% do total.

 

No México, o governo patrocina um plano de construção sustentável para setores de baixa renda, gerido pelo setor privado. Assim, foram construídas cerca de cinco mil casas, na maioria entre 40 e 70 metros quadrados, e já quase prontas. Para um país onde a demanda habitacional supera o milhão de unidades por ano –embora somente nos últimos seis tenham sido construídas 500 mil ao ano– o projeto é apenas um pequeno passo. As construções mexicanas devem especialmente reduzir o consumo de eletricidade e água, mas não incluem equipamentos de energia solar nem de tratamento de esgoto, que são os ideais para esse tipo de construção.

 

“Este é um passo experimental” e visa gerar informação e fatos comprováveis para que seja o mercado “a, finalmente, impor a necessidade de caminhar para as construções sustentáveis”, afirmou Evangelina Hirata, diretora da estatal Comissão Nacional de Fomento à Habitação. Contudo, não é possível garantir que em mais seis anos o México construa todas as casas com características sustentáveis, “o que agora não acontece em nenhuma parte do mundo”, acrescentou.

 

No dia 29 de março, entrou em vigor na Espanha o Código Técnico de Edificação, que obriga todos os edifícios, que começarem a ser construídos ou reformados a partir dessa data, a incluírem fontes renováveis de energia para o fornecimento de água quente e eletricidade. Pela nova norma, haverá limites para o consumo energético dos prédios em função de suas características, haverá melhor rendimento dos sistemas térmicos e de iluminação e será imposta uma porcentagem obrigatória de fontes limpas: energia solar direta e painéis solares.

 

Enquanto isso, no México está se plantando uma semente. “Espero que em um ano o sistema financeiro mexicano comece a oferecer hipotecas verdes”, após comprovar que, “de longe”, qualquer construção sustentável é mais barata e benéfica para usuário e comunidade, argumentou Hirata.

 

Segundo Morillón, construir um prédio sustentável pode chegar a custar de 3% a 20% mais caro do que um edifício tradicional. Mas acredita que o mercado faça baixar os preços quando generalizarem. Isso pode demorar muitos anos, e o tempo é urgente, lamentou. No México, as construções tradicionais têm vida útil de 30 a 40 anos, mas em dez ou 12 anos mais o país pode ficar sem petróleo, o que dificultaria a oferta de energia elétrica para essas edificações.

 

O tempo também pressiona pelo lado da mudança climática. Se o consumo de combustíveis fósseis e o processo de deterioração ambiental continuarem como estão agora, no final do século a temperatura média do planeta poderá aumentar entre 1,8 e 6,4 graus e o nível do mar subir entre 18 e 59 centímetros, segundo diversas previsões.

(Por Diego Cevallos, Envolverde, 02/04/2007)

 


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -