Nunca desde 1944 os Estados Unidos plantaram tanto milho como este ano. Os 36,5 milhões de hectares de milho, para a crescente procura do biocombustível etanol, prometem alterar a paisagem agrícola do país. Segundo um relatório do Ministério norte-americano da Agricultura (USDA) publicado hoje, o número de hectares destinado à cultura do milho passa dos 31,7 milhões em 2006-2007 para os 36,6 milhões deste ano, representando um aumento de 15 por cento.
Este aumento será feito, essencialmente, em detrimento da soja, cuja superfície vai baixar onze por cento, e do algodão, com uma diminuição de 20 por cento. Para alguns analistas, este relatório é “único”. “Habitualmente, o número de hectares destinados a uma cultura específica muda marginalmente de um ano para outro”, diz Bill Nelson, analista da AG Edwards.
Mas em 2007, “os agricultores americanos deverão realizar a maior plantação de milho desde 1944, quando os Estados Unidos tinham de produzir o suficiente para alimentar os europeus, em guerra”, sublinha Christopher Hurt, economista especializado em Agricultura na Universidade Purdue, Indiana.
Este lugar dedicado ao milho explica-se hoje por uma procura crescente do etanol, biocombustível fabricado nos Estados Unidos exclusivamente a partir deste cereal. O aumento da procura catapultou, recentemente, os preços do milho para os níveis mais elevados da última década. “O milho é o rei do momento”, diz Dale Milstead, agricultor de 51 anos de Illinois. “Hoje é mais rentável plantar milho”, explicou.
Depois das intenções reveladas hoje, é também a geografia agrícola do país que deverá mudar. Enquanto o “Midwest” americano vai continuar a ser o berço do milho, os estados do Sul – como o Louisiana, Mississipi, Geórgia, Arkansas ou Alabama -, hoje os maiores produtores de algodão, querem “reduzir esta produção em 20 por cento em benefício do milho”, constata o analista Bill Nelson.
(AFP, 31/03/2007)