A proliferação de mosquitos tem assustado moradores de diversos pontos de Pelotas, principalmente na praia do Laranjal. Segundo o coordenador do serviço de Vigilância Ambiental da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Leonardo Raffi, há dois tipos de mosquito que atacam: à noite, é o chamado Culix, e durante o dia, o "mosquito do banhado". A expansão dos exemplares é atribuída a um período de verão seco e baixo índice de chuva na região. "As pupas se preservaram pois antes do verão não encontraram uma época adequada. Agora, elas eclodiram todas de uma vez", disse.
"Por entender que esta é uma situação de desconforto para os pelotenses, principalmente daqueles que moram no Laranjal, a SMS realizou neste final de semana uma ação emergencial de combate ao mosquito adulto com aplicação do fumacê, no horário das 19h à meia-noite, disse Raffi. Os mosquitos que infestaram Pelotas não se tratam de transmissores da dengue; a doença é transmitida por outra espécie: o Aedes aegypti.
Para viabilizar a operação, a SMS conseguiu um caminhão onde foi adaptado o equipamento para a aplicação do produto visando diminuir o grande número do inseto, já que os outros dois veículos utilizados neste tipo de serviço encontram-se no conserto, afirmou. Raffi espera que a partir de hoje pelo menos uma das camionetas que estão estragadas seja entregue à VA para que mais bairros da cidade também recebam atendimento. "Com o caminhão adaptado que temos e mais um, poderemos fazer um trabalho de pulverização simultâneo na periferia, dando assim, um alívio a todos."
Telas nas janelas e inseticida neles
São 11h de sábado, dia 31 de março, e as janelas na casa do professor Adalberto Fernandes Damázio estão abertas e protegidas com tela. Morador do condomínio São Conrado, a caminho do Laranjal, para combater os mosquitos, ele e a família entram em cena com um verdadeiro arsenal para conseguir uma noite tranqüila: inseticidas elétricos, aerosóis, repelentes, equipamentos ultra-sônicos, velas e o que mais aparecer na frente. "O problema é que os venenos que matam insetos são tóxicos e, em geral, muito prejudiciais à saúde. Por isso usá-los exige cuidado e nada de exagero", disse Damázio.
A vizinha de Damázio, Anete Souza, 30 anos, afirmou que esta é uma situação insuportável. "Sei que o resultado com o fumacê pode ser passageiro, mas já dá uma baita ajuda. O meu filho pequeno está todo picado por causa dos mosquitos e reclama muito de coceira, já que ele é alérgico. Pra tentar dar uma amenizada tivemos aqui em casa que dedetizar o entorno dela, principalmente a grama, onde os mosquitos se escondem. Além dos remédios pra aliviar o mal-estar causado pelas picadas, a gente ainda tem despesa com os venenos pra matar esses insetos. Não é nada, não é nada mas no final do mês pesa muito", disse.
Comerciantes reclamam do prejuízo
Os comerciantes Jorge Eslabão e Maria Meyer mantêm, há 18 anos, um trêiler à beira da praia do Laranjal. Eles dizem que neste período é a primeira vez que presenciam uma epidemia de mosquitos de tal proporção. "Na sexta-feira, dia 30 de março, uns clientes que eram de outra cidade e estavam aqui a passeio, desistiram de continuar tomando cerveja em frente ao trêiler devido ao grande número de mosquitos que se instalou na orla da lagoa", disse Eslabão. "Em uma praia que é ponto turístico na cidade, a Prefeitura não pode deixar a situação chegar a este ponto, ou seja, dos turistas e dos próprios pelotenses serem afugentados do Laranjal", afirmou Meyer.
Controle com venenos
Os inseticidas são úteis, mas têm de ser usados com cuidado e moderação. Os especialistas alertam que conhecer as formas de manuseio adequadas pode amenizar os efeitos prejudiciais. Os aerosóis, por exemplo, nunca devem ser usados com pessoas no ambiente. O ideal é aplicar, fechar o local durante um certo tempo, depois arejar a área, seja com ventiladores ou janelas com tela, e só então entrar. É importante lembrar que resíduos do veneno ficam nas roupas de cama e toalhas. Por isso, depois de usá-los, convém trocá-las.
(Diário Popular, 02/04/2007)