Embora muita gente saiba quem são os responsáveis pelos desmatamentos de araucárias centenárias e outras espécies nativas da mata atlântica, em Santa Terezinha, no Alto Vale do Itajaí, entre a população estimada em 8,5 mil, impera a lei do silêncio.
Quando chegam o helicóptero e as viaturas do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), a expectativa é que seja dado ponto final à extração irregular de madeira. A derrubada em massa dá lugar ao reflorestamento com pínus, matéria-prima usada pela indústria moveleira a partir de 1990, quando entrou em vigor a lei que proíbe a supressão de espécies nativas.
A população se dividiu entre a euforia e a preocupação quando o helicóptero pousou no campo de futebol. “Meu tio, que corta pinheiro, vai ser preso”, disse um estudante. Um comerciante acusa que tem gente que autoriza o corte e depois da venda recebe comissão. Nas imediações do Morro do Taió, um tratorista se refugiou na mata ao observar o pouso do helicóptero.
Um agricultor que mora no assentamento 25 de Maio denunciou ao Ibama as madeireiras que fazem beneficiamento, e que só funcionam à noite. Quando a equipe chegou para a última etapa da Operação Canadá, foi possível observar motos se deslocando para alertar a presença dos fiscais. O chefe do escritório do Ibama de Rio do Sul, Bruno Barbosa, pretende identificar os proprietários das áreas degradadas.
A última etapa da operação, realizada desde 10 de fevereiro, está concentrada no entorno de Santa Terezinha. O município está entre os que mais desmataram de 2000 a 2005, de acordo com o Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, divulgado em dezembro de 2006.
Visto do helicóptero, um cinturão verde, que Barbosa denomina como fachada, esconde o desmatamento. Nos últimos cinco anos, 45,4 mil hectares (42 mil campos de futebol) de mata atlântica desapareceram no Estado.
(Por Orlando Pereira, A Notícia - SC, 02/04/2007)