Ele destacou o tema ao discursar para jornalistas, juntamente com Bush, num hangar próximo à residência campestre de Camp David, no Estado de Maryland, onde ambos tiveram uma reunião de mais de duas horas.
"O aquecimento global nos ameaça. O problema do aquecimento é concreto e atual. A solução está ao alcance de nossas mãos", disse Lula.
Para ele, o efeito estufa é como uma "doença que vai atingir o planeta todo".
"Ou cuidamos da terra com o carinho que se cuida de um filho, ou todos nós vamos nos arrepender", disse Lula.
Os Estados Unidos, a nação mais poluidora do planeta, mantêm uma postura conservadora em relação à causa ambiental, negando-se, por exemplo, a assinar o Protocolo de Kyoto, que busca reduzir a emissão global de gás carbônico.
Recentemente, Bush finalmente tocou no tema da dependência de petróleo em discurso à nação, e propôs reduzir o uso de petróleo em 20 por cento no país nos próximos dez anos, dando ênfase ao uso de biocombustíveis.
Com a medida, os norte-americanos estão preocupados principalmente em reduzir sua dependência de países produtores de petróleo como Venezuela e Irã.
Lula disse que o ambicioso acordo de cooperação para promover os biocombustíveis assinado por ambos países quando Bush visitou São Paulo, há três semanas, era uma ferramenta para ajudar a reduzir a poluição do planeta.
Lula destacou o uso de etanol em carros no Brasil e disse que reduziu a devastação da Amazônia em 52 por cento nos últimos quatro anos.
O presidente desembarcou em Camp David de helicóptero as 15h16 (horário de Brasília), acompanhado do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e do assessor especial para assuntos de política externa da presidência, Marco Aurélio Garcia.
Ele foi recebido por Bush e a primeira-dama Laura. Depois de falar com a imprensa, no final da tarde, eles voltaram para a residência de Camp David para fazer um jantar leve.
Lula tinha previsto deixar o retiro presidencial às 20h45 e voar diretamente para a base de Andrews e retornar ao Brasil.
Doha e acordosLula disse que os subsídios agrícolas impostos pelos países ricos aos países em desenvolvimento encarecem os alimentos e desestimulam a produção, mencionando a taxação que os norte-americanos impõe ao etanol brasileiro.
"É preciso ir eliminando as barreiras do etanol para ir criando uma commodity."
Bush disse que sabia da demanda dos brasileiros no tema agrícola e que eles estão dispostos a ceder se tiverem acesso a mercado em países em desenvolvimento para seus produtos e serviços.
O Congresso norte-americano impõe uma tarifa de 0,54 dólar por galão de etanol exportado do Brasil para proteger sua própria indústria do biocombustível feito a partir do milho a custo mais alto. A tarifa vigora até 2009.
Na reunião que qualificou como a "mais produtiva" das que teve com Bush, eles se comprometeram a atuar juntos na África.
Num primeiro momento, pretendem juntar esforços para erradicar a malária em São Tomé e Príncipe e fortalecer o sistema legislativo na Guiné Bissau.
No setor de biocombustíveis, eles anunciaram a realização de um fórum de empresários para atrair o setor privado a investir e promover o uso hemisférico dos biocombustíveis.
Como parte da parceria em biocombustíveis, os países anunciaram que os primeiros esforços conjuntos para a produção de etanol no Caribe e América Central vão ocorrer no Haiti, República Dominicana, São Cristóvão e Nevis e El Salvador.
(Últimas Notícias UOL, 01/04/2007)