O prato mais apreciado, às vésperas da Semana Santa, está em falta nos municípios abastecidos de peixes de rio. Nas regiões próximas ao Rio Uruguai, quem quiser comer peixe terá de se contentar com espécies criadas em açudes.
Com a fiscalização do governo estadual intensificada também nos rios, a pesca irregular está sendo coibida. Material de pesca é apreendido e multas são aplicadas a pescadores. Proibidos de ser capturados no Estado desde 2002, o dourado e o surubim, ameaçados de extinção, estão no centro da polêmica. Com medo de apanhar as duas espécies, há pescadores que não usam redes e obtêm menores quantidade de peixes.
- Um senhor recebeu uma multa de mais de R$ 5 mil e teve o material recolhido porque colocou rede no Rio Uruguai e caiu um dourado junto. Não tem como colocar uma placa com um aviso para o dourado não cair na rede - ironiza um comerciante de peixe de Santo Ângelo.
Em seu estabelecimento era normal ter de 30 a 40 toneladas de peixes de rio. Ontem, ele tinha 10 toneladas. Os apreciadores de peixe preferem saborear um animal de água doce de rio ao de açude.
- Se digo que o peixe é de açude, tem gente que não quer - afirma.
O dourado é considerado o rei do Rio Uruguai, o mais visado tanto pelo sabor quanto pela dificuldade de ser capturado.
- Este ano, a fiscalização está bem maior, temos de aplaudir. Já aconteceram arrastões. Tiravam de 2 a 3 mil quilos de peixe - conta o presidente da Associação de Proteção Ambiental Amigos do Rio Uruguai, de Porto Xavier, Jairo Bohn.
Emater prevê maior consumo de pescado
Bohn incentiva as pessoas a consumirem peixes criados em açudes, que devem compensar a falta dos animais do rio. Isso é comprovado pela Emater, que prevê na Semana Santa um consumo 12% maior ao verificado no mesmo período em 2006. Segundo o órgão, a criação de peixes em açudes foi beneficiada pelas condições climáticas favoráveis.
- A oferta de peixe em rios está diminuindo por causa da poluição e da pesca irregular - explica José Carlos Paiva Severo, técnico em piscicultura da Emater.
Em Uruguaiana, com a proximidade da Semana Santa, a fiscalização foi intensificada. Quando verificam que serão autuados, há pescadores que não se identificam e abandonam o material.
- Se a gente encontra um dourado na rede, ela é apreendida. A solução para o pescador é devolver o peixe vivo para a água - explica o comandante do 4º Pelotão Ambiental, tenente Moisés Gomes Goulart.
Proibições
Por decreto estadual de 2002, está proibida a pesca do dourado e surubim no Rio Grande do Sul. O estabelecimento pode buscá-lo em outro Estado, desde que comprove o local de origem. Quem for apanhado pescando espécies ameaçadas de extinção está sujeito a multa de R$ 500 por indivíduo pescado e R$ 5 mil por espécie. Também pode sofrer processo cível e criminal, por crime ambiental.
Fonte: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)
(Por Silvana Castro, Zero Hora, 30/03/2007)