Impulsionados pelo álcool, os produtos derivados da cana-de-açúcar aumentaram sua participação na matriz energética brasileira de 13,8%, em 2005, para 14,4%, em 2006, segundo resultados preliminares do Balanço Energético Nacional divulgados pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética).
Dos produtos derivados da cana fazem parte ainda o açúcar e o bagaço. Com o ganho de participação, eles se aproximaram da energia hidrelétrica, que hoje é a principal fonte de energia renovável do país, que caiu de 14,8% em 2005 para 14,6% no ano passado.
"As perspectivas são que o álcool continue sendo a vedete da matriz energética neste ano. Já se equipara à energia hidrelétrica e a tendência é que venha a superá-la. Cada vez mais a cana e seus produtos ganham importância", disse Mauricio Tolmasquim, presidente da EPE.
Os produtos da cana tiveram um aumento de 9,7% na oferta interna em 2006 e chegaram a 33,1 milhões de TEP (Toneladas Equivalentes de Petróleo). Só a produção de álcool registrou alta de 10,8% e totalizou 17,8 bilhões de litros. As exportações, embora em volume reduzido, subiram quase 50%. Passaram de 2,26 bilhões de litros para 3,36 bilhões de litros. O bagaço e o açúcar tiveram alta da produção de 17,7% e foram a 30,9 milhões de toneladas.
A oferta total de energia subiu 5,0% em 2006 na comparação com 2005. A lenha e o carvão vegetal apresentaram redução de participação -de 13% para 12,4%. Petróleo e derivados subiram de 38,7% para 38,8%. Já o gás natural passou de 9,4% para 9,5%.
A produção de petróleo e de derivados teve um aumento de 5,6% em relação a 2005, segundo a EPE. As importações de petróleo caíram 4,7%, e as exportações subiram 34%.
Já a produção de gás natural não apresentou alteração no ano passado. Mesmo assim, as importações cresceram 8,8% a despeito da crise entre a Petrobras e a Bolívia.
2007
Tolmasquim disse que a revisão para cima da expansão econômica de 2006 não altera, por enquanto, a expectativa de aumento de consumo de energia neste ano. Para 2007, a EPE projeta alta de 5,3% no mercado de energia elétrica, considerando que a economia cresça entre 4% e 5%. Anteontem, o IBGE revisou de 2,9% para 3,7% a expansão do PIB em 2006, com base em nova metodologia.
"Para 2007, continuaremos trabalhando com as projeções já feitas. No próximo ciclo de planejamento poderemos incorporar a nova dimensão do PIB", disse Tolmasquim.
Segundo ele, a mudança do PIB demonstra que com a mesma quantidade de energia é possível produzir mais produto interno do que se imaginava. "O ajuste do PIB nos fez ver que a produtividade da economia é muito maior que nós imaginávamos, ou seja, que existe um desperdício de energia menor."
(Por Clarice Spitz, Folha Online, 30/03/2007)