(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
2007-03-30

O projeto de mineração Rio Blanco, na localidade andina peruana de Piura, pode acabar em sua primeira fase com muito mais do que um monte, como prevê em seus informes públicos a subsidiária da companhia britânica encarregada da exploração. A organização independente Peru Support Group (Grupo de Apoio Peru – PSG) alertou que, tal como foi divulgado o projeto “à comunidade investidora britânica, é um local potencialmente muito maior”, disse à IPS Anthony Bebbington, da Escola de Meio Ambiente e Desenvolvimento da Universidade de Manchester.

 

Na primeira fase, a companhia Majaz, subsidiária da britânica Monterrico Metals, previa demolir um monte para instalar uma mina a céu aberto. Mas segundo a informação entregue a investidores em Londres, os montes a serem afetados serão vários. Um informe elaborado pelo PSG, do qual Bebbington é um dos cinco co-autores, chama a atenção para as conseqüências sociais, ambientais e de direitos humanos do projeto. A propriedade dos montes ameaçados é reivindicada por duas comunidades agrícolas e de pastoreio, que se enfrentaram, freqüentemente de maneira violenta e com vários mortos, com representantes da companhia.

 

O informe adverte para vários perigos ambientais que ameaçam a bacia do Rio Amazonas e uma vasta área andina. As operações de mineração implicam a busca de depósitos de metal dispersos em um amplo território, com grandes quantidades de resíduos de rocha. “Isso pode levar a drenagens ácidas, através da formação de correntes de água de chuva que fluem com metais”, explicou Bebbington. As fossas que por fim a mina terá estarão abaixo do nível do mar, e os autores do informe prevêem que ficarão cheias de água contaminada. “O manejo da água é outra dúvida”, afirmou.

 

O PSG tentou envolver vários legisladores britânicos em sua campanha, depois da apresentação do informe no parlamento, na terça-feira. Em março do ano passado, o grupo patrocinou uma reunião na sede da Câmara dos Comuns “para demonstrar os significativos acordos entre Majaz e organizações locais de cidadãos sobre a dinâmica do meio ambiente e o desenvolvimento nas atividades de exploração da companhia”, diz um comunicado do PSG. Porém, Monterrico Metals recebeu uma oferta para compra da Majaz por parte de um consórcio de Hong Kong. Portanto, surgem preocupações pelo cumprimento dos compromissos assumidos pela subsidiária caso mude de dono.

 

O prazo para que os acionistas da Monterrico respondam à oferta chinesa vence em 13 de abril. “Este caso é emblemático de um panorama mais amplo nas relações entre mineração, sociedade e desenvolvimento, relevante para as operações de outras mineradoras britânicas no Peru”, ressaltou o PSG. O Peru tem uma longa tradição mineira, que remonta aos tempos da colonização espanhola. Os investimentos no setor aumentaram rapidamente desde o começo dos anos 90, como conseqüência direta da política de reformas liberais empreendidas pelo ex-presidente Alberto Fujimori, hoje preso no Chile e requerido pela justiça peruana.

 

Os investimentos em exploração mineira em todo o mundo aumentaram 90% entre 1990 e 1997. Já na América Latina quadruplicaram. Em 2003, a mineração concentrou 57% das exportações peruanas, e entre 2001 e 2003 recebeu 37% do investimento estrangeiro direto feito a esse país. “Devido aos grandes lucros do setor em tempos de importante aumento dos preços, e à luz da muito limitada evidência sobre a contribuição desta atividade para o desenvolvimento sustentável local peruana, esta expansão territorial fez elevar os conflitos sociais”, diz o informe.

 

“A violência e os distúrbios são ameaçadores se não se melhorar o vínculo entre os moradores locais e a empresa Monterrico Metals”, alertou o PSG. “E se os critérios de engenharia não forem cumpridos neste projeto de mineração, corres-se o risco de uma contaminação do Rio Amazonas que poderá durar séculos”, acrescenta o informe, que tem 48 mil palavras. A oposição a numerosas modalidades de mineração cresce em todo o Peru na medida em que seus habitantes percebem poucos benefícios tangíveis de projetos que coloquem em risco o fornecimento de água, bem como a vida animal e a agricultura, segundo o estudo.

 

O informe alerta que há “falta de confiança e espaço limitado para um debate racional” sobre o projeto Rio Blanco, e adverte que, segundo a estatal Defensoria do Povo, a presença da mineradora Majaz em terras comunitárias não tem abrigo nas leis peruanas. “As liberdades e a segurança humana estarão em questionamento” se a companhia não agir com responsabilidade e inteligência, segundo o estudo, preparado por uma delegação de cinco pessoas que visitaram o local da mina em outubro.

(Por Sanjay Suri, IPS, 29/03/2007)

 

 


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -