Os fabricantes brasileiros de pneus novos, representados pela Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip), anunciaram ontem (29/3) a criação de uma entidade nacional sem fins lucrativos para cuidar exclusivamente da coleta e destinação de pneus velhos no país. Chamada de Reciclanip, a iniciativa surgiu de um projeto iniciado pela Anip há oito anos, que conta com a adesão de prefeituras para instalar nos municípios centros de recepção de pneus, conhecidos como ecopostos. Até 2006, eram 220 em todo o país. Com a nova entidade, a expectativa é intensificar as parcerias para chegar ao final do ano com 270 centros em funcionamento.
De acordo com a Anip, a estimativa é que 26 milhões de pneus sejam trocados a cada ano no Brasil, dos quais apenas metade é reutilizada ou reformada. O restante não serve mais para ser usado em veículos. O diretor-geral da Anip, Vilien Soares, disse que o foco do trabalho é a destinação desses resíduos de maneira ambientalmente adequada.
Soares explicou que uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) determina que os fabricantes e importadores de pneus devem destruir de forma ambientalmente correta cinco pneus a cada quatro colocados no mercado nacional. “O trabalho que nós iniciamos há algum tempo evidentemente veio atender a resolução. Mas a mudança agora é um aperfeiçoamento”, disse o diretor. Ele aproveitou para pedir a revisão da resolução do Conama, alegando que a quantidade exigida se torna muitas vezes inviável para as empresas, por não haver um número suficiente de pneus velhos disponíveis.
Desde que o projeto de coleta e destinação desses pneus começou a ser desenvolvido pela Anip, em 1999, cerca de 130 milhões de unidades foram reaproveitadas sem causar danos ao meio ambiente, informou Soares. Atualmente, uma das principais formas de reaproveitamento dos pneus que não servem mais para uso veicular é como combustível para as indústrias de cimento. Entre outras utilidades, os pneus velhos servem de componente para asfalto de borracha e para fabricar dutos de águas pluviais, solas de borracha e outros artefatos de borracha.
De acordo com o diretor-geral, a Reciclanip será responsável pelo transporte dos pneus a partir dos ecopontos até as empresas de trituração ou de destinação final, que também são parceiras da nova entidade. Até 2008, os fabricantes de pneus novos devem investir cerca de R$ 50 milhões nesse processo.
De acordo com Soares, a nova entidade também vai apoiar estudos e pesquisas sobre o ciclo de vida do pneu, além de estimular o desenvolvimento de novas formas de destinação do produto. Ele destacou a importância da colaboração da rede de revendedores e de reformadores de pneus, assim como do poder público e da própria população, que “em nenhuma hipótese deve jogar o pneu na natureza”.
“O cidadão comum pode ajudar nesse processo. No momento em que for trocar um pneu, deve refletir se ele precisa levar para casa o pneu velho. Se ele não for precisar, é melhor deixar o pneu velho na loja, no borracheiro, no revendedor, porque esses atores podem encaminhar pneu a um destino adequado”. O diretor lembrou que além de ser um problema ambiental, os pneus velhos também trazem riscos à saúde, por servirem como criadouro para mosquito transmissor da dengue.
A Anip tem oito associados: Bridgestone Firestone, Goodyear, Levorin, Maggion, Pirelli, Rinaldi, Michelin e Tortuga.
(Por Juliana Andrade, Agência Brasil, 29/03/2007)