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lixo tecnológico / eletrônico
2007-03-30

Grandes corporações, pequenas empresas e usuários domésticos começaram a comprar máquinas ultramodernas, com processadores e placas de última geração. Mas qual será o custo desta corrida à tecnologia para o meio ambiente daqui a 10 anos? Se nada mudar, uma parte significativa desses equipamentos vai estar em aterros, dividindo espaço com monitores aposentados, tocadores de MP3 ou celulares. Eles farão companhia aos produtos eletrônicos produzido no início da década de noventa, formando toneladas do chamado 'e-waste', o lixo eletrônico.

O Aquecimento global é problema da tecnologia?

Não é segredo para ninguém: a TI tem um passivo ambiental grave. Se jogado sem controle de volta ao ambiente, o lixo eletrônico não só leva milhares de anos para se decompor, como também é um problema ambiental e de saúde pública por conta das substâncias tóxicas utilizadas em sua fabricação, como chumbo e mercúrio, que podem contaminar o solo ou os lençóis freáticos e causar doenças como câncer, por exemplo, ou mutações em pessoas cujas moradias são próximas aos lixões onde as máquinas foram jogadas sem cuidado.

A alternativa mais rápida para eliminar esses produtos, a incineração, também não é sustentável. Além de colocar diversos gases poluentes na atmosfera, como os altamente tóxicos e cancerígenos PAH (hidrocarbonetos policíclicos aromáticos), a prática também culmina com problemas relacionados ao combustível gasto para a realização da queima.

O passivo ambiental em TI envolve mais do que a disposição dos produtos. A fabricação é um problema. Para se ter uma idéia, a produção de uma estação de trabalho com monitor CRT de 17 polegadas demandou, em 2004, 240 quilos em combustíveis fósseis, utilizou 22 quilos de produtos químicos e cerca de 1,4 mil litros de água. As informações são do livro Computers and the Environment: Understanding and Managing their impacts (Computadores e o Meio-ambiente: entendendo e gerenciando seus impactos), lançado em 2004 pela Universidade da Organização das Nações Unidas (ONU).

Por um mundo mais verde

A ONU, aliás, é uma das entidades que tem debatido bastante a questão do lixo eletrônico. A organização lançou, no início de março, o StEP (www.step-initiative.org), projeto que une entidades como o MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), a Academia Chinesa de Ciências e empresas privadas de TI, como Dell, Microsoft, Phillips e Cisco, com objetivo de encontrar novas formas para diminuir a quantidade de e-waste e tratá-lo melhor.

Os governos também começaram a se movimentar. Regulamentações foram criadas para atacar o problema, demandando a proibição do uso de substâncias tóxicas. A União Européia, uma das administrações mais avançadas neste sentido, criou, ano passado, duas diretrizes chamadas WEEE (Waste Electrical and Electronic Equipment, que significa Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos) e RoHS (Restriction of Hazardous Substances, que significa Restrição a substâncias perigosas). Ambas buscam garantir que lançamento dos resíduos químicos oriundos de eletrônicos, especialmente o chumbo e mercúrio, sejam menos agressivos ao meio ambiente.

Já para o consumo de energia elétrica, demandas como a Energy Star 4.0, da agência de proteção do meio ambiente dos EUA, cobra dos fabricantes maior eficiência energética nos produtos. Na outra ponta, as certificações internacionais –especialmente a família ISO 14000 – seguem indicando caminhos para a produção ambientalmente responsável, obrigando empresas certificadas a controlar seus resíduos e sua disposição no ambiente.

“Dentro de 4 a 5 anos, ninguém vai ser competitivo se não estiver apoiado no tripé: responsabilidade econômica, social e ambiental”, projeta João Carlos Redondo, gerente de administração patrimonial da Itautec. O gerente afirma que a empresa criou projetos de reciclagem de placas e do vidro de monitores por meio de contratos com terceiros, além de ter desenvolvido um programa interno para redução do gasto de energia na fábrica. “No ano passado, reduzimos o uso de eletricidade em 1,4%. Esse valor é equivalente ao consumo mensal de 800 residências de quatro pessoas”, comemora.

Gleverton Munno, gerente de Assuntos Corporativos da subsidiária brasileira da Dell, destaca o projeto de disposição de produtos da empresa, que coleta as máquinas antigas de clientes corporativos localizados no Rio Grande do Sul e em São Paulo. “Depois de passar pelas centrais de reciclagem, as máquinas vão para projetos sociais selecionados pela ONG Fundação Pensamento Digital”, conta. O gerente ressalta que as organizações recebem treinamento para usar a máquina e aplicar na educação de pessoas carentes. “Se não tiver treino, acaba virando depósito de lixo”, alerta.

Para Maurício Amaro, gerente do time de soluções da Bearing Point, o momento marca o início das preocupações de fabricantes com a questão ambiental. Ele destaca, contudo, que o tema não é dos mais agradáveis para as empresas. “Os fornecedores guardam as questões ambientais a sete chaves, não gostam de revelar. Ainda que instituições como a Bolsa de Valores demandem ações ambientais e sociais, a prática está a cargo das empresas”, comenta. O especialista destaca, contudo, que as iniciativas do setor privado não são suficientes para resolver o problema. “Norma sem fiscalização cai no esquecimento. O governo deve verificar constantemente a eficiência dos processos”, arremata o analista.

Problema cultural?

Mas as corporações clientes estão dispostas a pagar um valor maior para equipamentos “verdes”? Maurício Amaro nota o aumento da conscientização ambiental, mas para ele a decisão da compra por determinado produto está muito mais relacionada com o lado financeiro do que qualquer outro tópico. “É utópico achar que os clientes vão pagar mais por que a fabricante recicla seus equipamentos, o maior motivador é o financeiro”, defende.

Munno, da subsidiária brasileira da Dell, concorda. O gerente não vê que a conscientização ambiental dos usuários os leve a pagar um valor 10% maior por um aparelho produzido de forma sustentável. “Hoje, o cliente não valoriza tanto quanto deveria, não vai pagar a mais. Mas é a iniciação para uma nova realidade”, destaca Gleverson.

Já João Carlos Redondo, da Itautec, argumenta que a visão de que a ecologia encarece o produto é míope. Para ele, o foco do investimento ambiental é outro, com objetivos para médio e longo prazos. A economia gerada, no entanto, pode ser imediata. “Por exemplo, a produção sem chumbo custa mais no início, mas depois tenho um produto no final do seu ciclo de vida muito mais simples e menos oneroso para reciclar”, conta.

Assim, destaca, os investimentos não precisam ser repassados para o cliente, já que o produto acaba desonerado e capaz de competir em concorrências internacionais na União Européia, por exemplo. “Para eliminar o chumbo, a alta estimada foi de 1,7%. Não é um valor absurdo e nossos concorrentes estão fazendo isso”, conta. Os investimentos para a produção sem chumbo na Itautec, iniciados neste ano, ficaram em 1 milhão de reais e a produção completamente lead-free vai acontecer até o final de 2008. Já a Dell afirma que produz todos os seus produtos sem chumbo desde o ano passado.

(Por Vinicius Cherobino, Computerworld, 30/03/2007)


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