"Não estamos agüentando ficar dentro de casa. De uns dias pra cá a situação está piorando muito e não tem ser humano que agüente". A afirmação é de Joaquim Maduro Correia, morador do bairro Bela Aurora, em Cariacica (ES), reclamando do aumento da poeira, conhecida como "pó preto", vinda da Belgo Arcelor, também instalada em Cariacica.
Segundo ele, o aumento é significativo e já vêm mudando a rotina dos moradores e do seu estabelecimento comercial há mais de um mês. Segundo ele, não há como manter os móveis limpos, e muito menos os pés e até as mãos, que ficam impregnados da chamado de "pó preto".
A situação é a mesma em todo o entorno da usina e um abaixo-assinado está circulando entre os moradores para protestar contra a poeira que sai dos alto-fornos da empresa. A intenção é exigir do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) que fiscalize a empresa e garanta o fim do problema. Eles exigem monitoramento da emissão e o fim da poeira em suas casas, nem que para isso a empresa tenha que instalar novas tecnologias em suas chaminés.
Os mais atingidos pelo "pó preto" são os bairros de Bela Aurora e Jardim América. Lá os moradores reclamam não só da sujeira, mas também do aumento de irritações nos olhos, crises de rinite, bronquite, entre outras doenças que podem ser agravadas pela poluição. O incômodo é grande e o receio com a saúde também.
A Belgo Arcelor, antiga Belgo-Mineira, está sendo processada na Justiça pela poluição que produz na região e que afeta a saúde dos moradores e o meio ambiente, contaminando até Vitória, quando ocorre vento sul. A Ação Civil Pública foi movida pela Associação Capixaba de Proteção ao Meio Ambiente (Acapema), em 2002.
(Por Flávia Bernardes, Século Diário - ES, 29/03/2007)