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2007-03-29

A recente política de combustíveis dos Estados Unidos, que está apostando no investimento na produção de etanol e de biocombustíveis, vem provocando um aquecimento no mercado da soja. Entre agosto do ano passado e projeções do mercado futuro para o mesmo período de 2007, o preço da commodity mostra uma elevação de 45%, chegando a US$ 8 o bushel.

A conexão entre o aumento das cotações e a produção de etanol pode não parecer tão clara a princípio, mas ela reside no fato de que áreas antes destinadas ao cultivo da soja nos Estados Unidos estão sendo ocupadas pelo milho, matéria-prima utilizada para a produção do combustível pelo país. Alexandre Mendonça de Barros, coordenador do Centro de Pesquisa de Agronegócio da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (GV Agro), diz que como a soja e o milho são produtos que podem se substituir na lavoura, "quando o preço de um sobe muito, a área destinada ao outro tende a diminuir". Por se tratar do maior produtor e exportador mundial dos dois grãos, uma redução no volume cultivado pelos Estados Unidos tem grandes impactos no mercado internacional.

Só nos últimos cinco anos, a produção de etanol no país americano passou de 7,5 bilhões para 11 bilhões. O número deverá saltar para 30 bilhões com a entrada em operação de 44 refinarias que já estão em construção e se somaram a outras 100 já existentes. A porcentagem do milho destinado para a produção do álcool chegará, neste ano, a 20% da safra americana, contra apenas 6% em 2000.

Outro foco anunciado pelo governo norte-americano é o investimento em biocombustíveis, produzidos, sobretudo, a partir do óleo de soja. De acordo com o economista chefe do departamento de agricultura, Dr. Keith Collins, em 2006, 13% do óleo de soja deve ser utilizado para a fabricação de combustíveis, contra 5% no ano anterior.

A elevação na cotação da commodity e condições climáticas satisfatórias já mostram reflexos na produção brasileira. De acordo com dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a safra 2006/2007 será recorde, com 56,7 milhões de toneladas, um aumento de 6,2% sobre o ciclo anterior.

Se o cenário traz comemorações para alguns, para a floresta gera grande preocupação. Segundo um estudo publicado pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), do Woods Hole Research Center, e da Universidade da Flórida, em dezembro último, o desmatamento da floresta amazônica varia de acordo com o preço da carne e da soja, bem como do câmbio do real em relação ao dólar.

"O decréscimo de 30% no preço da soja de 2003 a 2005 e o aumento nos custos da exportação brasileira, associado ao aumento de 25% na força do real, foram fatores importantes na desaceleração, tanto da exportação da agroindústria quanto da pecuária na região, como o refletido nas estimativas de desmatamentos para 2005. (...) É provável, entretanto, que a elevação dos preços da soja e da carne, ou da desvalorização do real, venham a aumentar a taxa de desmatamento futura, ainda que as notáveis conquistas do Governo brasileiro em controlar as atividades de uso ilegal do solo continuem."

Perspectivas
Apesar da safra recorde, no período de 2006/2007 houve uma redução na área de cultivo do produto. Dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) indicam que o número total foi de 20,6 milhões de hectares, contra 22,2 milhões do ano-safra anterior.

Mas muitos especialistas acreditam que essa tendência não deve se manter. Eledon Pereira de Oliveira, da gerência de Levantamento e Avaliação de Safra da Conab, acredita que "pelo comportamento dos preços, a área deve crescer, mas ainda não temos dados sobre isso". Amélio Dall' Agno, pesquisador da Embrapa-Soja (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) concorda: "É certeza absoluta que no ano que vem vai haver um aumento na área plantada".

Sobre a relação do aumento do plantio com o possível desmatamento da região amazônica, Dall' Agno diz esperar que "a soja e o milho ocupem áreas já degradadas", mas que novos desmatamentos devem ocorrer, principalmente nas bordas da floresta e nas margens das rodovias que cortam a região, como a Transamazônica, a Belém - Brasília, a Cuiabá - Santarém e a Cuiabá - Porto Velho.

Por outro lado, Luiz Nery Ribas, gerente técnico da Associação de Produtores de Soja, diz que juntamente com o aumento na cotação do grão, subiram os custos do produtor, como o adubo, por exemplo, que teria tido elevação de 30% em seu preço. Portanto, existiria a possibilidade de os agricultores optarem pelo plantio de outras culturas e não da soja. O técnico acredita que só haverá uma melhor definição do cenário no segundo semestre, mas que caso haja o aumento do plantio, não haverá a abertura de novas frentes, pois seriam ocupadas "áreas em que o produtor não teve condição de plantar" anteriormente.

De qualquer forma, 2007 será uma boa oportunidade de verificar se políticas públicas como a criação de novas áreas de proteção ambiental e o aumento de fiscalização serão suficientes para manter a redução do ritmo de desmatamento na Amazônia. Nos últimos dois anos, esse índice de desaceleração foi de 52%.
(Por Renata Gaspar, Amazonia.org.br, 28/03/2007)


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