O etanol, produzido a partir da cana-de-açúcar, está longe de ser considerada uma forma de energia limpa. A opinião é da professora de Sociologia da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), Maria Aparecida de Moraes Silva.
O Brasil tem pretensões de liderar a produção mundial de etanol, alcançando a escala de 34 bilhões de litros do combustível num prazo de 20 anos. O otimismo aumentou após o acordo assinado entre Brasil e Estados Unidos.
Para a professora da Unesp, a expansão das monoculturas, o alto uso de agrotóxicos e a queimada nas lavouras de cana são exemplos de como a produção de etanol pode ser nociva ao meio-ambiente.
“Na medida em que defendemos esta tese, você esquece quais são os métodos de produção deste produto, feitos através desta monocultura. É uma cultura que depende de muitos agrotóxicos e além de tudo o método da queimada. Existem vários trabalhos de químicos e bioquímicos que já comprovaram que estes gases são cancerígenos. Então é um contra-senso grande dizermos que o etanol é uma energia limpa. Limpa em que sentido?”, diz.
Maria Aparecida cita um estudo da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo (Cetesb), comprovando que bacias hidrográficas da região de Ribeirão Preto já estão contaminadas por agrotóxicos.
Outro problema envolvendo o cultivo de cana-de-açúcar diz respeito à exploração dos trabalhadores. Na semana passada, fiscais do Ministério do Trabalho flagraram dezenas de trabalhadores rurais sem equipamentos de segurança na Usina Nova América, uma das maiores produtoras de açúcar e álcool do País, responsável pela marca de açúcar União.
(Por Luiz Renato Almeida, Agência Chasque - RS, 28/03/2007)