A necessidade de uma certificação internacional para os biocombustíveis poderá atrasar em pelo menos três anos a "massificação" do seu uso no mundo todo, avaliou o vice-presidente sênior para o setor de biocombustíveis da britânica BP International, Philip New. O certificado já vem sendo discutido na União Européia como uma prerrogativa para que o etanol passe a ser uma commodity negociada internacionalmente.
Sem a comprovação de que os produtos são sustentáveis em termos ambientais, a idéia é que o combustível não seja autorizado a entrar no mercado europeu. "A exigência de certificação certamente pode atrasar o processo, porque necessitará de toda a metodologia de produção e isso é um processo lento", comentou New em entrevista após participar de evento promovido pela Câmara Britânica.
No caso específico do álcool proveniente da cana-de-açúcar, no entanto, o executivo prevê facilidades e um período mais curto para a certificação, devido a experiência do País no setor. "O Brasil conhece a cultura da cana de ponta a ponta. Domina a expertise (conhecimento) do álcool e deverá exportar sua tecnologia não só para outros países como será o balizador de um processo de certificação", argumentou, lembrando que o volume de exportações do País será uma das principais contribuições para com a meta da UE de ter, até 2020, 10% de sua frota de carros consumindo etanol.
Ainda segundo ele, a principal dificuldade do mercado de álcool - especificamente o proveniente da cana-de-açúcar - será criar uma garantia de fornecimento. "A partir do momento em que a oferta realmente for garantida e o mercado acreditar nessa oferta, a negociação já estará acontecendo", disse.
A própria BP, afirmou, tem todo interesse em investir em plantas de álcool no Brasil, África, Caribe, Indonésia e Filipinas. No total, a empresa já possui investimentos de US$ 500 milhões sendo aplicados em biocombustíveis para os próximos dez anos e hoje detém 10% do mercado internacional de biocombustíveis.
(Por Kelly Lima, Estadão Online, 29/03/2007)