Foi adiada para o início do próximo mês a reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) na qual o governo poderia definir se retoma ou não a construção da usina nuclear Angra 3, em Angra dos Reis, no litoral do Rio de Janeiro.
Inicialmente, a reunião estava prevista para acontecer ontem (27/3), no Palácio do Planalto, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O motivo do cancelamento não foi informado, mas a expectativa é de que a nova reunião aconteça já na próxima semana.
O CNPE, que é um órgão interministerial de aconselhamento do presidente da República para questões energéticas, discute a retomada de Angra 3 desde 2001, sem que nenhuma conclusão tenha sido tomada até hoje. Havia uma expectativa, dentro do próprio governo, de que a reunião que estava marcada para hoje poderia ser decisiva, até porque contaria com a presença do próprio Lula, a quem cabe a palavra final sobre a obra.
O projeto, contudo, é polêmico e divide o governo. Dentro do CNPE, o Ministério da Ciência e Tecnologia é o principal defensor da retomada da usina, com o argumento de que o Brasil tem a sexta maior reserva de urânio do mundo e precisa da usina para manter atualizado o desenvolvimento da tecnologia na área nuclear.
O Ministério do Meio Ambiente, por sua vez, é o principal opositor ao projeto. A ministra Marina Silva já disse, diversas vezes, que vota contra a usina, centrando seus argumentos na preocupação com relação ao destino que será dado aos dejetos nucleares produzidos pela usina.
Os defensores da usina ganharam um forte aliado na semana passada, quando o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, afirmou publicamente, pela primeira vez, que é favorável à construção de Angra 3. O principal argumento apresentado por Rondeau foi de que o preço da energia que será gerada pela usina já seria competitivo, em comparação, por exemplo, com outros tipos de usinas termoelétricas.
Segundo interlocutores de dentro do governo, a questão do preço da energia que será gerada por Angra 3 é a principal preocupação da Casa Civil, que pode apoiar o projeto se ele não onerar as tarifas cobradas dos consumidores de energia.
(Por Leonardo Goy, O Estado de S. Paulo, 27/03/2007)