A Petrobras e a empresa Eni (Ente Nazionale Idrocarburi), maior grupo energético da Itália, firmaram ontem (27/3) parceria para construção de usinas de biocombustível no Brasil e em países africanos, como Angola e Moçambique.
De acordo com o diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, o objetivo da cooperação é produzir etanol (álcool combustível) de cana-de-açúcar e usar outras matérias-primas para fabricação de biodiesel. Costa ressaltou, no entanto, que as duas companhias ainda não definiram quanto vão investir, nem o número de projetos.
Em reunião na segunda-feira com dirigentes da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o governo italiano manifestou interesse de investir US$ 480 milhões na construção de quatro fábricas de biodiesel no Brasil.
"A partir de amanhã (hoje), vamos colocar nossas equipes para trabalhar. Para viabilizar a plantação, construção de plantas (fábricas), leva entre três e quatro anos", afirmou Costa. Ele explicou que as empresas escolheram, na primeira fase, Angola e Moçambique, porque já exploram petróleo nestes países. Segundo ele, as conversas com os governos de Angola e Moçambique já começaram.
Costa disse ainda que a produção será vendida para a Itália e outros países europeus. Ele destacou que o foco da Petrobras é fornecer para o mercado japonês, um dos maiores do mundo. De acordo com o presidente da Eni, Paolo Scaroni, a União Européia estuda projeto para adição de 5% de biocombustível à gasolina e diesel, o que irá aumentar a demanda por combustível renovável.
Para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a parceria contribui para o combate à pobreza mundial. "Queremos promover projetos trilaterais que incorporem países mais pobres à revolução do etanol e biodiesel. Ao ajudar a expandir o cultivo da cana e de outras biomassas tropicais nesses países, Itália e Brasil estarão contribuindo para combater a fome e a pobreza. Teremos mais empregos, mais proteção da natureza, maior diversificação das atividades agrícolas e industriais", disse.
Brasil e Itália assinaram também memorando de entendimento para realizar atividades em países pobres. Uma delas é treinamento de técnicos de terceiros países na Itália e no Brasil. O documento prevê ainda que o governo brasileiro financiará pelo menos 30% dos custos dos projetos e o restante caberá aos italianos. O memorando tem validade de dois anos, podendo ser prorrogado por igual período.
(Por Carolina Pimentel, Agência Brasil, 27/03/2007)