Saneamento básico é o que mais pedem as famílias que moram em área de rede ferroviária em Santa Maria
2007-03-27
Sem água, nem saneamento básico, vivendo com o que retiram na informalidade. Uma realidade que não é mais novidade, mas que
torna a sobrevivência de 70% das mais de 280 famílias que moram na ocupação da área da rede ferroviária denominada Estação
dos Ventos, no km 3, na Vila Schirmer, ainda mais difícil. Pelo menos é o que conta a família Esperidião que, há três, ocupa
terreno, onde o esgoto corre a céu aberto bem no centro do pátio, na rua conhecida como Luís Castanho.
“Arroz e feijão a gente dá um jeito, mas o esgoto é complicado. Não depende de nós. Mesmo morando de favor dói ver meus cinco
filhos pequenos brincando dentro da água podre”, pede providências a dona de casa Márcia Rejane Esperidião, 30 anos, que teme
que as crianças fiquem doentes. Um medo que tira ainda a tranqüilidade de outra moradora, a dona de casa Jaqueline Medeiros,
38 anos, que, há três, fixou residência no local. “O mau cheiro acaba atraindo muito mosquito, inclusive da dengue. Como
tenho criança pequena em casa fico preocupada. Inclusive, tem várias delas que, várias vezes, aparecem com feridas na pele”,
lamenta.
Conforme o coordenador do projeto social Centro da Estação dos Ventos (CEV), Jean Machado, 40, que presta assistência a 78
crianças, com idade de zero a 13 anos, em situação de risco e de pais que trabalham fora, morando na ocupação em situação de
vulnerabilidade social, são em torno de 450. “Não atendemos 30% das crianças do local, mas fazemos o que é possível e
conforme vão chegando as doações”, explica. A intenção com o trabalho, segundo Machado, é fazer com que a ocupação tenha
legalidade pelas mãos do projeto social.
“É uma área que o município adotou e tomou a iniciativa de negociar junto ao seu proprietário. No momento passa pela decisão
da direção da Rede Ferroviária. Em uma avaliação, feita pela Caixa Econômica Federal (Caixa), em 2005, os mais de 15 hectares
da Rede foram orçados em R$ 311 mil. Hoje depende de novo estudo”, adianta o secretário de Habitação e Regularização
Fundiária Osvaldo Severo.
Enquanto não sai uma decisão favorável às famílias que ocupam a área, Paulo José Farias, 20, é um dos que pegam na enxada e
limpam a vala negra em frente à casa onde mora, para reduzir odor que exala do local. Desde 2002, a maioria dos ocupantes da
Vila Santos fazem como Paulo para amenizar o cenário preocupante de pobreza.
(Por Elisete Tonetto, Jornal A Razão, 27/03/2007)
http://www.arazao.com.br/noticias.php?cod=2750