Três anos depois, Furacão Catarina ainda desperta medo
2007-03-27
Há três anos, uma catástrofe natural desembarcou em Santa Catarina pelo mar. Com ventos de 153 quilômetros por hora, o furacão Catarina, primeiro na história do País, varreu o litoral do Estado na madrugada de 27 para 28 de março de 2004. Passados 36 meses, as condições climáticas que originaram o fenômeno ainda assombram meteorologistas na estação de controle da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). Eles estão em alerta.
“Hoje, olhamos de maneira diferente para o mar. Abril é o mês mais propenso aos furacões, porque as águas do oceano sofrem um aquecimento maior na região e há as tempestades oceânicas”, observa o meteorologista da Epagri, Clovis Correa, para quem o Catarina é o resultado de uma combinação de eventos climáticos que podem se refletir em estragos maiores se voltarem a ocorrer.
Apesar de não comprovado cientificamente, meteorologistas e estudiosos não descartam a relação do Catarina com as mudanças no clima. Pode ter sido um sintoma do aquecimento global, combinado à degradação ambiental e à poluição em escala planetária.
A primeira conexão entre o Catarina e o aquecimento global foi levantada em 2004 pelo Hadley Center Met Office, da Inglaterra, que apontou o Atlântico Sul como novo local de origem de tempestades tropicais, categoria que abrange os furacões, devido ao aquecimento das águas superficiais.
Para Pedro Dias, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo, a interpretação dos ingleses não tem base sólida. Segundo ele, esses cenários futuros indicam a incidência de ventos fortes na altitude, o que é incompatível com furacões, mas favorável à formação de ciclones extras ou subtropicais. Mas Dias compartilha do consenso da comunidade científica de que o aquecimento global tem papel decisivo para intensificar os furacões.
Casas foram destruídas no Sul do Estado
Era terça-feira, 24 de março, quando o grupo de oito meteorologistas da Epagri observava uma movimentação estranha a mil quilômetros da costa. “Vimos algo que estava retornando, mas não sabíamos o que era”, lembra Clovis Correa. O furacão foi identificado na quinta-feira e comunicado à Defesa Civil na sexta. Na madrugada de sábado para domingo, com três mil homens a postos, da região de Florianópolis até o Extremo-sul do Estado, o Catarina chegou.
Classificado como um furacão nível F1, na escala de Furacões Saffir-Simpson, o fenômeno atingiu os municípios de Criciúma, Içara, Forquilhinha, Araranguá, Meleiro, Maracajá, Sombrio, Balneário Gaivotas, Balneário Arroio do Silva, Passo de Torres, São João do Sul, Jacinto Machado, Arroio do Sal, Praia Grande e Torres (RS).
Em Araranguá, 200 casas foram destelhadas. Algumas acabaram completamente destruídas. Cerca de 1,2 mil pessoas ficaram desalojadas em Criciúma. A rede elétrica teve 250 transformadores destruídos e mil postes derrubados pela ventania.
(A Notícia - SC, 26/03/2007)
http://www.an.com.br/2007/mar/27/0ger.jsp