Os quatro países fundadores do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) estudam adotar uma metodologia padrão nas pesquisas de pobreza. A idéia é facilitar a comparação entre os membros do bloco e analisar seu desempenho no primeiro Objetivo de Desenvolvimento do Milênio (combater a extrema fome e a pobreza). Com isso, espera-se facilitar a avaliação de políticas antimiséria em cada membro do bloco e a adaptação para as outras nações.
“As realidades são muito próximas. A possibilidade de podermos aproximar as metodologias é maravilhosa, tanto para as políticas públicas como para conhecer a realidade dos próprios países”, afirma o secretário de Avaliação e Gestão da Informação do Ministério de Desenvolvimento Social, Rômulo Paes.
A proposta foi discutida em uma reunião promovida pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos da Argentina, na terça-feira passada. O encontro reuniu representantes dos ministérios do Desenvolvimento Social (ou órgãos correlatos) e institutos de pesquisa dos quatro países.
Durante o evento, os técnicos apresentaram as estatísticas na área. O Brasil mostrou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) e de outras pesquisas feitas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que ainda estão em fase final de elaboração. “Os países, em graus distintos, estão ainda constituindo suas metodologias de avaliação e monitoramento”, diz o secretário. “A maioria está elaborando pesquisas sobre o tema. O Brasil, pela proximidade das realidades da população, é uma referência bem próxima e interessante para esses países”, acrescenta.
A iniciativa não pretende estabelecer uma metodologia única, mas que os países adotem o mesmo padrão, segundo Paes. “A idéia é permitir comparabilidade e, para isso, é preciso que haja compatibilidade metodológica”, diz. A iniciativa é necessária, de acordo com ele, para que a situação dos países apontada pelas pesquisas seja a mais perto do real possível.
A partir da análise dos dados, será possível verificar quais países do Mercosul estão desenvolvendo políticas mais efetivas no combate à fome e à pobreza e implementá-las nos outros membros do bloco. “Às vezes, políticas que dão certo em um país podem ser implementadas em outro país vizinho. Um bloco não é apenas a livre circulação de pessoas, mas de idéias também. Com os dados, poderemos pensar onde estão as lacunas e aproveitar as melhores competências de um país para aplicar no outro”, destaca.
(Por Talita Bedinelli,
Agência PNUD, 26/03/2007)