CULTIVO DE CAMARÃO GERA DANOS AMBIENTAIS
2001-10-30
O perigo representado pela carcinicultura (criação de camarões) e a ignorância dos governos em relação aos manguezais formaram a base das discussões do III Encontro Nordestino de Educação Ambiental em Áreas de Manguezal, que está se realizando em Maragojipe (BA), até amanhã. O evento está atraindo as maiores autoridades no assunto do País e é preparatório à I Conferência Interamericana, que acontecerá em Santa Catarina, em outubro de 2002. O tom dos debates foi o combate à criação de camarões. O professor de Biologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Everaldo Queiroz, disse que o cultivo do crustáceo cresceu nos últimos tempos 594%, fazendo o Brasil pular da condição de 18º para 8º produtor mundial. Longe de se tornar um benefício à sociedade, esta indústria, no entanto, seria uma ameaça às populações inteiras que vivem dos manguezais e são expulsas por proprietários destas fazendas. - A maior evidência do dano ambiental e social que a indústria produz está no exemplo prático do Equador, que era o primeiro produtor mundial de camarão, até quatro anos atrás, quando o governo resolveu interromper o processo, depois de analisar o estrago ao meio ambiente e à população da costa equatoriana que a carcinicultura vinha produzindo, disse o biólogo. Ele destacou que, no Brasil, mais de 6.500 hectares da costa brasileira estão sendo ocupados por criatórios de camarão, que já expulsaram mais de três mil famílias. (A Tarde-29/10)