Mais de 200 famílias atingidas diretamente e mais de 100 outras dos bairros e vilas dos municípios atingidos pela barragem de Barra Grande estão acampadas, desde o dia 21 de março, em um depósito de madeira, onde estão estocadas as madeiras serradas da supressão seletiva do reservatório do lago da Usina Hidrelétrica Barra Grande. Esta barragem fica no Rio Pelotas, divisa entre os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.
Pelo Acordo Social firmado em Florianópolis, no dia 22 de dezembro de 2004, esta madeira deveria ser retirada e repassada às famílias pobres da região, para utilização em reforma e construção de casas populares para a população atingida destes municípios.
A empresa Baesa sempre alegou não poder tirar a madeira por causa do difícil acesso. No entanto, burlando o acordo, negociou sigilosamente com os madeireiros da região e a madeira que deveria ser entregue para construção de casas populares está sendo desviada, descumprindo o compromisso.
Há muito tempo o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) vem denunciando o descumprimento do acordo, tanto em relação à madeira, quanto a outros pontos acertados, como repasse de recursos aos atingidos para o projeto de recuperação e desenvolvimento das comunidades; a construção do asfalto que liga Anita Garibaldi/SC a Vacaria/(RS), entre outros.
Na última quinta-feira (22/03), as famílias fizeram uma assembléia e caminhada de protesto, com a madeira em caminhões, até o escritório da empresa, onde pediram o cumprimento do acordo e que os órgãos responsáveis fizessem a fiscalização e apontassem soluções para o problema.
- A madeira que tinha lá dava para construir umas 400 casas populares. A que sobrou não dá nem para 50 casas, diz Helio Becker, um dos coordenadores do movimento.
A empresa pediu um prazo de 30 dias para dar uma resposta. Nesse tempo, será feita uma auditoria interna para estudar o caso e tentar descobrir onde está a madeira retirada do lago.
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Adital, 26/03/2007)