Quem mora perto do Parque Itaimbé ou simplesmente aproveita o local para uma caminhada deve ter notado algumas diferenças no lugar desde a tarde de sábado (24/3). A novidade chama-se limpeza. Um grupo de mais de 20 pessoas se reuniu no final de semana para uma faxina caprichada nas calçadas, gramado e nos túneis da área de lazer. Ao todo, foram usadas 40 sacolas de 10 e cinco litros para guardar o lixo.
A iniciativa surgiu de uma turma de conhecidos preocupada com o local, o grupo Amigos do Parque. Unidos, eles fizeram folderes com dinheiro do próprio bolso e foram às ruas para encontrar mais gente disposta a manter bonito o Itaimbé. Seus integrantes acreditam que a iniciativa pode parecer insignificante à primeira vista, mas que, se contagiar a muitos, no mundo todo, pode fazer diferença para o planeta.
- A questão ambiental atinge a todos nós. E não é só um papelzinho jogado no chão. Por trás disso, há muito mais. Temos de pensar como estamos entregando o planeta para as gerações futuras. Pode parecer uma coisa pequena, vir aqui e limpar, mas não é - destaca o líder do grupo, Marco Antônio Lopes, que promete faxinas mensais no local.
A idéia conquistou admiradores. A aposentada Fulvia Adamy Cézar, 69 anos, mora no parque e não pensou duas vezes na hora de ajudar na limpeza. Na opinião dela, não se pode cobrar apenas do governo a manutenção e limpeza de praças e parques. O povo tem de dar sua contribuição, sendo educado e pensando que todos perdem quando se joga lixo na rua.
- Quem acaba sofrendo somos nós todos. Veja as inundações, enchentes... Muitas são causadas pelo lixo acumulado - acrescenta.
Moradores aderiram ao movimento
Com apenas 11 anos, o estudante Patrick Machado deu uma aula de cidadania e voluntariado trocando a tarde com os amigos para participar do faxina. Ele recolheu dezenas de tocos de cigarro e juntou papéis atirados na grama.
- É uma pena o lugar estar assim. Acho que todos deveriam cuidar. Afinal, isso aqui é da cidade. A gente precisa da natureza para sobreviver e não estamos cuidando bem dela - afirmou.
Pelo caminho, o grupo encontrou latas, garrafas pet, restos de rituais de umbanda e muitas fezes de cães. A professora de educação física Marta Prado, 34 anos, lamenta o quadro. Ela diz que, na Europa, os parques têm locais onde é possível retirar sacolas para coletar as fezes dos bichos que são levados para passear. Dona de uma academia em frente ao Parque, ela conta que até pensou em instalar algo parecido, mas desanimou com a possibilidade de vandalismo.
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Diário de Santa Maria, 26/03/2007)