O uso descontrolado de agrotóxicos na lavoura de soja e o excesso de chuva podem ter
afetado a safra de mel no noroeste gaúcho. A estimativa de quebra é de 30% na região. Uma
das causas apontadas pelo apicultores é a aplicação indiscriminada de herbicidas e
inseticidas, que teriam afastado as abelhas das flores da oleaginosa.
Para garantir uma boa colheita de soja depois dos anos de frustração, houve agricultor
que exagerou na proteção da planta, conforme o agrônomo da Emater em Horizontina Sadi
Motta. Além do uso do fungicida para prevenir a ferrugem asiática - o que é recomendado
pelos agrônomos -, os agricultores aplicaram veneno contra lagarta e percevejo. Repelidas
pelos químicos, as abelhas não teriam saído das colméias.
Ainda não há números estaduais sobre a safra de mel. Porém, sabe-se que a queda não é
geral. Na região de Bagé, a atividade está se recuperando depois da seca do ano passado.
Para bons rendimentos, é necessário chuva na medida certa.
Segundo o agrônomo da Emater de Santa Rosa José Bertholdi, a produção média em 2006/2007
por colméia deverá ser de 10 quilos de mel - cada uma deveria gerar 20 quilos.
Em Horizontina, a florada da soja é responsável por metade da safra do mel, que vai de
outubro a março.
- As abelhas não aproveitaram a flor da soja. Sempre houve um consórcio entre as duas
atividades - diz o Coordenador da Rede Noroeste de Apicultura, Seno Knorst.
A queda de produção pôde ser mais sentida em colméias localizadas próximas às
plantações.
- A melhor fase era quando a soja florescia. O uso inadequado do agrotóxico traz
transtorno - diz Aldino Tusset, que obteve mil quilos de suas 145 colméias, a metade do
previsto.
Para o professor da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Aroni Sattler, o diálogo pode evitar problemas:
- Se o apicultor for avisado da aplicação do veneno antes, pode deixar as abelhas presas
na colméia.
(Por Silvana de Castro,
Zero Hora, 26/03/2007)