A poluição é um incômodo a mais em uma metrópole estressada pelo medo da violência e do desemprego. Mas a reunião de uma série de estudos clínicos mostrou pela primeira vez a conta de décadas seguidas de poluição sob os céus de São Paulo. Cálculos extremamente conservadores indicam que a cada dia pelo menos uma pessoa ou, na maioria das vezes, duas morrem no município por doenças agravadas pela poluição - quase todas bebês, crianças e idosos. No ano passado, uma pesquisa da USP mostrou como os alunos de uma escola municipal paulistana estavam progressivamente perdendo parte da capacidade respiratória pelo convívio diário com a fumaça dos caminhões. Nada foi feito a respeito. A divulgação dos estudos coincide com a decisão da Fundação Nacional de Saúde de levantar dados sobre doenças causadas pela degradação ambiental e indicar políticas para os Estados e municípios. No Brasil, quem lida com o problema são os especialistas em ambiente, não em saúde. Foram os ambientalistas que obrigaram as montadoras a só produzir carros com catalisadores para reduzir a emissão de gases. (Época/120, 29/10)