A fórmula da Coca-Cola é secreta mas, na Spaipa, fabricante e distribuidora dos produtos da multinacional de bebidas para o Paraná e interior de São Paulo, ela está ganhando mais um ingrediente: água de chuva.
A experiência foi iniciada há dois meses na fábrica de Maringá (PR) e, a partir de junho, deverá ser testada também na unidade de Marília (SP).
As duas unidades passaram recentemente por reformas que resultaram em aumento de capacidade de produção. Durante as obras, foram colocados nos telhados captadores de água que, depois de tratada, é usada no processo industrial para fabricação de refrigerantes e para outros fins, como limpeza.
A captação de água, claro, depende da quantidade de chuvas. Em dois meses foram aproveitados na unidade de Maringá 390 mil litros vindos diretamente do céu. De acordo com o superintendente industrial e de logística da Spaipa, Mario Veronezi, o volume equivale a 0,9% da quantidade de água usada por aquela fábrica no período. A meta de recolhimento para o ano é de 3,5 milhões de litros.
Veronezi diz que o processo é simples e que os consumidores não precisam se preocupar com a qualidade ou o gosto dos refrigerantes. Depois de cair no telhado, a água da chuva segue por calhas até uma cisterna exclusiva para ela. Lá é filtrada e segue para o local onde é armazenada a água captada de poços e do sistema de abastecimento público. Juntas elas recebem tratamento antes de serem usadas na linha de produção.
O executivo explicou que a medida que está sendo adotada pela Spaipa está em linha com o programa Água Limpa, da Coca-Cola Brasil, que quer reduzir o consumo, evitar desperdício, promover a reutilização e buscar fontes alternativas do líquido. Com razão, já que a água é a principal matéria-prima dos refrigerantes.
Se for levado em conta o que é usado também nos banheiros e cozinhas das fábricas, a Spaipa precisa de 1,9 litro de água para cada litro de bebida que produz.
O volume pode parecer alto, mas Veronezi informa que ele era 15% maior há dois anos. Para efeito de comparação, o sistema Coca-Cola Brasil utiliza 2,21 litros de água para cada litro de bebida (há 10 anos o consumo era de 5,4 litros de água para cada litro de bebida).
Em 2006, para permitir um melhor aproveitamento da água nas fábricas de Maringá e Marília, A Spaipa investiu R$ 1,2 milhão, principalmente na implantação das calhas e cisternas para água de chuva. As fábricas de Curitiba (PR) e Bauru (SP) também receberão melhorias para evitar o desperdício. A Spaipa tem capacidade para produção de 1,6 bilhão de litros de bebida por ano e faturou R$ 1,3 bilhão em 2006. Para 2007 espera crescer 16%.
A Coca-Cola tem 17 grupos fabricantes no país. Além da Spaipa, outra franqueada, a Rio de Janeiro Refrescos, usa a água de chuva na fábrica de Cariacica (ES) desde janeiro 2005 e quer levar o sistema para a unidade de Jacarepaguá.
(Por Marli Lima,
Valor Econômico, 23/03/2007)