O secretário estadual da Agricultura e Abastecimento, João Carlos Machado, disse nesta quinta-feira (22/3), no Ministério
Público do Rio Grande do Sul, que os arrozeiros gaúchos produzem o dobro com uma quantidade 100% menor da água que era
utilizada na década de 1980. A informação foi dada na abertura do Seminário "Os 10 anos da Lei da Política Nacional dos
Recursos Hídricos: Efetividade e Perspectivas da Proteção à Água", organizado pela Subprocuradoria-Geral de Justiça para
Assuntos Institucionais do MP-RS.
Machado afirmou que – graças a um conjunto de práticas de manejo da água, do solo e das plantas, recomendadas pelo Instituto
Rio Grandense do Arroz (Irga) –, os arrozeiros conseguem produzir hoje de 8 a 10 toneladas por hectare com 8 mil metros
cúbicos de água. Na década 80, a produtividade média era de 4 toneladas por hectare, com 15 mil metros cúbicos.
"Estas práticas são simples e não consistem em nada que o produtor de arroz não possa fazer", afirmou. O secretário
introduziu a palestra da pesquisadora do Irga Vera Macedo, que falou sobre as principais ações da autarquia voltadas para o
estabelecimento de tecnologias mais limpas no processo de produção de arroz no Estado.
Vera Macedo destacou que a produtividade da lavoura de arroz e a preservação ambiental vêm sendo trabalhadas como
prioritárias pelo Irga. "A Instituição orienta permanentemente os produtores sobre a produção mais limpa, com o uso de
tecnologias que preservem o meio ambiente e contribuem para o aumento dos rendimentos", frisou.
Conforme a pesquisadora, entre as ações efetivadas pelo Irga estão o desenvolvimento de cultivares produtivas e com
tolerância a doenças, o uso racional da água, redução do consumo de energia e da contaminação dos mananciais hídricos. Ela
explica que com o uso da tecnologia é viável aumentar a produtividade e tornar a lavoura eficiente no uso dos recursos
naturais.
A pesquisadora enfatizou que cerca de 50% do volume de água utilizada pelas lavouras de arroz no Estado são provenientes da
chuva. Dependendo do ano, a contribuição das precipitações chega a 70%, como ocorreu nesta safra, durante a medição do volume
de água usada numa área de lavoura no município de Camaquã. A equipe de pesquisadores do instituto desenvolve trabalhos que
mostram que, se o manejo é adequado, a água sai da lavoura e retorna aos mananciais com menor concentração de íons –
funcionando como uma espécie de filtro.
Aquecimento global
Outro aspecto ambiental da lavoura de arroz está relacionado ao aquecimento global. O Irga conduz, desde a safra 2002/03, em
parceria com a Faculdade de Agronomia da UFRGS e Embrapa Meio Ambiente, um estudo na Estação Experimental, em Cachoeirinha,
para quantificar as emissões do gás metano. Este elemento absorve radiação e é um dos componentes do efeito estufa.
As áreas de várzeas podem gerar o metano, de acordo com Vera Macedo. "Realizar o manejo da cultura com menor produção deste
gás é uma das metas do Irga", revelou. Os resultados desse trabalho mostram que o sistema de cultivo mínimo (onde há menor
mobilização do solo e a cobertura vegetal é dessecada antes da semeadura) emite uma quantidade menor de metano que o sistema
de cultivo convencional.
"O Irga continua buscando tecnologias para a produção mais limpa, com manejo racional da lavoura de arroz, tornando a
atividade viável economicamente", finalizou.
(
Assessoria de Comunicação do Governo do Estado, 22/03/2007)