Só um quinto dos rios portugueses tem água de qualidade, revela associação ambientalista
2007-03-23
No Dia Mundial da Água, a associação ambientalista Quercus revelou os dados do Instituto da Água: apenas 19% dos rios portugueses têm água de boa qualidade, valor que se cifrava em 35% no ano de 2004. A Quercus denuncia também que 50 por cento das águas residuais não estão a ser devidamente tratadas em Portugal o que, no limite, pode dar origem a cenários muito preocupantes para a saúde pública.
A nível internacional, mais de 1,6 milhões de pessoas morrem todos os anos por não terem acesso a água de qualidade ou a higiene, revelou ontem a Organização Mundial de Saúde. Mais de 40% dos rios portugueses não têm qualidade nem para os peixes, informa o Diário de Notícias de hoje.
Hélder Spínola, da Quercus, sublinha a este jornal que «Apesar de se ter assistido a um notável progresso em termos de recolha e tratamento de águas residuais, ainda se assiste a situações de municípios, interiores ou da faixa litoral, que não dispõem de infra-estruturas adequadas para recolherem e tratarem os ses efluentes domésticos e industriais» Os ambientalistas alertam que as alterações climáticas e o aumento do consumo podem fazer piorar a qualidade da água nos próximos anos, devido à escassez.
O presidente da Quercus acrescentou à TSF: «À medida que a poluição vai alastrando», em vez de «prevenir a degradação da qualidade deste recurso», as entidades têm «apostado em procurar outras fontes de abastecimento», em locais «onde a poluição ainda não chegou, o que nos parece que a nível de sustentabilidade a médio e longo prazo não é uma boa estratégia». Hélder Spínola sublinhou ainda o facto de apenas ametade das águas residuais estarem a ser devidamente tratadas, sendo que 97 por cento dessas águas são descarregadas no meio natural.
A escassez de água é o tema do Dia Mundial da Água deste ano, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cuja Assembleia-Geral instituiu o dia em Dezembro de 1992. Margaret Chan, Directora- geral da Organização Mundial de Saúde, revelou que mais de 1,6 milhões de pessoas morrem todos os anos por não terem acesso a água de qualidade ou a higiene.Segundo o Diário Digital, a mesma responsável adiantou que «90 por cento das mortes se registam entre crianças com menos de cinco anos, a maior parte nos países em vias de desenvolvimento».
«À medida que a água se torna rara, as pessoas são muitas vezes obrigadas a recorrer a fontes de água potável que podem não ser saudáveis», adiantou, lembrando que as alterações climáticas levam a que as «secas e inundações sejam cada vez mais frequentes e graves». O relatório da ONU revela também que uma em cada três pessoas enfrenta problemas de abastecimento de água e uma em cada cinco tem grandes dificuldades em aceder a água potável.
Enquanto na Europa e nos EUA o consumo de água por pessoa cifra-se entre os 200 e os 600 litros por dia, uma quinto da população munidal não gasta sequer 20 litros, o mínimo que deve ser garantido.
(Envolverde/Esquerda.net, 22/03/2007)
http://envolverde.ig.com.br/materia.php?cod=29523&edt=10