Algodão orgânico ganha mercado em todo mundo
2007-03-22
O mercado de produtos orgânicos tem crescido em todo o mundo. Dentro dele, a cotonicultura faturou aproximadamente US$ 1,1 bilhão no ano passado, quase o dobro do faturamento de 2005 (US$ 583 milhões). Segundo a revista The Economist, a estimativa da ONG americana Organic Exchange, dedicada a incentivar a expansão da agricultura orgânica, é que o mercado de algodão orgânico atinja um faturamento de US$ 2,6 bilhões até 2008, principalmente por conta do crescimento da demanda dos consumidores por roupas orgânicas, que impulsiona as vendas de grandes cadeias de supermercados, como Marks & Spencer, Nordstrom e Wal-Mart.
A Turquia, maior cotonicultora orgânica do mundo, já comercializa cerca de 20% a mais de algodão orgânico em comparação com o algodão convencional. Índia, Paquistão e EUA também são grandes produtores e vêm também ganhando espaço no setor.
No Brasil, o movimento pela produção de tecidos com algodão orgânico ainda é incipiente. Mas, apesar disso, a procura também é crescente, segundo a Maysa Gadelha, diretora-presidente da empresa CoopNatural, produtora de tecidos orgânicos na Paraíba que controla a marca Natural Fashion. “No Brasil, essa tomada de consciência pelos consumidores ainda está começando, é um nicho. Na Europa, já deixou de ser nicho, virou uma importante fatia do mercado”.
Quando o consumidor consciente escolhe adquirir produtos orgânicos com selo de certificação, ele está contribuindo para impactos positivos ao meio ambiente, à economia e à sociedade. A certificação de orgânicos atesta que o produto foi cultivado sem substâncias químicas e sem agrotóxicos, que podem contaminar o solo (conforme o tipo de produto químico utilizado no solo, o tempo de descontaminação pode chegar a dois anos), os lençóis freáticos, os córregos de água, afetando a todos que vem a consumir esta água. Além disso, a agricultura orgânica respeita a biodiversidade do local e o ciclo do solo, mantendo-o produtivo por mais tempo.
Adicionalmente, a compra de produtos orgânicos também ajuda os pequenos produtores. No país, cerca de 90% das propriedades que produzem orgânicos são de pequenos produtores familiares ligados a associações de movimentos sociais.
Na CoopNatural, por exemplo, são 800 trabalhadores que, segundo Maysa, sem exceção, trabalham com carteira assinada e têm seus direitos trabalhistas pagos. “No Nordeste é muito raro encontrar um agricultor com registro em carteira”, diz. O trabalho da CoopNatural envolve todos os elos da cadeia: plantio, desencaroçamento, fiação e tecelagem. Maysa explica que esse contato com todas as fases da produção de tecido feito de algodão orgânico é importante para manter o controle sobre o processo e para garantir que, além de não terem sido usados defensivos na produção agrícola, também não foram usados agentes químicos no restante da cadeia produtiva.
(Envolverde/Instituto Akatu, 21/03/2007)
http://envolverde.ig.com.br/materia.php?cod=29393&edt=1