(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
2007-03-22
Ou seja, sai das barragens, é tratada e bombeada para as moradias, mas, entre rompimentos de canos e consertos de rede, perde-se pelo caminho. Levando em conta que Caxias trata por mês cerca de 3 bilhões de litros de água, a perda chega a quase 1 bilhão de litros.

O índice, igual à média brasileira, é considerado normal para países em desenvolvimento, onde a perda real de água tratada gira entre 35% e 40% (nos países desenvolvidos, cai para 10% a 20%). Mas ainda é alto para uma cidade como Caxias, que tem relevo acidentado e não possui controle de pressão no bombeamento da água. Esse fator, somado às canalizações antigas, é responsável pelos estragos diários na rede. Por causa disso, o Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae) chega a realizar, por mês, até 200 consertos.

- Cada vez que um cano arrebenta, muita água se perde. E isso não ocorre somente durante o vazamento. Para fazer o conserto, as equipes precisam esvaziar a rede, o que faz com que muito mais água vá fora - explica o diretor-geral do Samae, Marcus Vinicius Caberlon.

A meta do Samae é reduzir o desperdício para 25%. Para isso, desde o ano passado a autarquia passou a integrar um grupo formado por 10 empresas brasileiras de saneamento integrantes de um programa nacional para redução de perdas de água, do Ministério das Cidades. Além de ganhar apoio técnico e treinamento, o Samae pode se habilitar a buscar recursos para fazer mudanças no sistema atual de distribuição de água.

- O Samae tem 1,25 mil quilômetros de rede e precisa substituir pelo menos 250 quilômetros - calcula Caberlon, que estima um gasto de cerca de R$ 30 milhões.

Controle doméstico
O desperdício mais difícil de resolver, no entanto, é o que ocorre depois que água chega às casas. A cada vez que alguém lava calçadas e carros com mangueira ou deixa torneiras abertas por muito tempo, por exemplo. E esse gasto, o Samae não tem como medir.

No ano passado, durante o período de estiagem, quando foi feita uma campanha de uso racional da água e publicada uma medida provisória que punia o desperdício, o consumo diminuiu. Em três meses, a autarquia recebeu em torno de 2 mil informações sobre má-utilização do recurso. A economia de água nesse período foi de 40 milhões de litros, o que corresponde ao consumo de 10 mil pessoas.

Para criar um controle melhor de racionalização da água, que não dependa da boa vontade das pessoas nem das denúncias da comunidade, o Samae busca convênios com instituições de pesquisa que ajudem na busca de uma solução. Criar sistemas para aproveitamento da água da chuva seria uma das alternativas. Uma lei aprovada no Legislativo caxiense no ano passado já autoriza essa possibilidade.

Caberlon estuda também um jeito de atacar um dos principais vilões do desperdício doméstico: os sistemas sanitários. Uma das saídas seria obrigar condomínios a tratar seus esgotos e instalar caixas de descarga acopladas, que consomem 12 litros por vez, no lugar das hidráulicas, que desperdiçam 40 litros cada vez que são acionadas.

O panorama no município
- Caxias do Sul está localizada a 760 metros do nível do mar, sobre o divisor de águas das bacias do Rio Caí e do Rio das Antas.
- O município possui 16 bacias hidrográficas. Cinco são usadas para captação de água para o abastecimento: Faxinal, Maestra, Dal Bó, Samuara e Galópolis. Nenhuma delas está totalmente protegida.
- Sobre a bacia do Faxinal, estão partes de Ana Rech, Fazenda Souza e Vila Seca; na Maestra, os bairros Serrano, Capivari e parte do São Ciro II; no Dal Bó, existem os bairros São Ciro I, Mariland e Século XX; no Samuara, o loteamento Vila Hípica e parte de Forqueta; e, em Galópolis, a comunidade daquela região. O Serrano é o único que tem os resíduos tratados.
- A maioria dos bairros e loteamentos em áreas de bacias surgiu antes de 1978, quando criou-se a lei de proteção dessas áreas. Os que foram criados depois dessa data são invasões, que precisaram ser regularizadas mais tarde.
- Como não é mais possível remover a população dessas regiões, o desafio do poder público será encontrar uma forma de tratar o esgoto lançado pelos moradores para evitar a contaminação da água potável.
- Apenas 8% do esgoto da cidade é tratado. O restante penetra no solo ou vai para os arroios da cidade.
- Estima-se que a população urbana de Caxias despeje mensalmente em torno de 1,5 bilhão de litros de esgoto nos arroios que cortam a cidade. Cada litro de resíduo contamina outros 10 litros de água limpa dos rios.

Mais gastador
O brasileiro gasta, em média, cinco vezes mais água do que o volume indicado como suficiente pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Enquanto o órgão recomenda o consumo diário de 40 litros por pessoa, no Brasil são consumidos 200 litros por dia.

Em vez de jogar fora, dono de posto reaproveita
A preocupação com o futuro da água motivou o dono do Posto Cavalleri, Nelso Luiz Cavalleri, a instalar um sistema de reaproveitamento do recurso na sua empresa, que fica próxima ao Arroio Burati, em Farroupilha. Lá, toda a água usada na área de abastecimento e na lavagem dos caminhões é tratada e reutilizada. Os resíduos de óleo são enviados para uma empresa de Gravataí, que dá a destinação final.

- Quando comprei esse terreno, há 12 anos, tinha água a 80 metros de profundidade. Quando construí o poço artesiano, três anos depois, tive de perfurar 120 metros. Hoje, só se consegue água a 160, 170 metros - revela.

Cavalleri diz que teve a idéia há oito meses, depois de uma palestra dada por empresários de Porto Alegre a donos de postos da região. Ele foi o único que aceitou, e está investindo pesado para manter o sistema - R$ 100 mil com a instalação e cerca de R$ 3 mil mensais de manutenção. Mas não se arrepende:

- Nasci em Bento Gonçalves e tem uma barragem da cidade aqui perto. Não quero consumir água suja. Vai chegar uma hora que todos terão de fazer o que eu fiz aqui.

Reserva menor e mais poluída
Evitar que parte da água disponível hoje em Caxias acabe ou fique inutilizável é uma das grandes preocupações do poder público e também da população. Estudos apontam contaminação por metais pesados, esgoto doméstico ou agrotóxicos em quase todas as reservas. O problema atinge os arroios e os poços artesianos com cerca de 150 metros de profundidade. O Aqüífero Guarany, que passa pelos lençóis freáticos da região e seria uma alternativa potável, está a pelo menos 800 metros de profundidade, o que torna a opção cara e difícil.

- A água não nasce nas torneiras. Ela vem de reservas, que são as bacias de captação. Se as bacias não estiverem protegidas, que água estaremos consumindo? - questiona o presidente do Grupo de Urbanismo e Meio Ambiente (Gruma), Orlando Michelli.

E a poluição não é a única interferência irregular nas reservas do município. O diretor da Sociedade de Agronomia do Rio Grande do Sul, Agustinho José Silvestre, está preocupado com a perfuração indiscriminada de poços artesianos em Caxias e região. Segundo ele, é inadmissível que esta fonte de recurso hídrico seja usada para irrigação, na agricultura.

- As administrações incentivam sua construção sem conhecer as desvantagens - afirma.

Um exemplo, destaca ele, é a China. Lá, os poços artesianos foram responsáveis pela diminuição do nível do lençol freático em cerca de 120 metros. Com o passar do tempo, se usado de forma irresponsável, ele acredita que o recurso se extinguirá. A solução para irrigação da lavoura seria guardar água da chuva.

- A média pluviométrica brasileira em um ano é de mil milímetros. Se fosse armazenada, evitaríamos problemas de desperdício. As reservas são usadas, mas não são repostas. Então, é água perdida - completa.
(Por Graziela Andreatta, Jornal Pioneiro, 22/03/2007)

desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -