Maior lago de água salgada da China luta para não secar
2007-03-22
O maior lago de água salgada da China, o Ebinur, ameaça seguir os passos de milhares de lagos chineses que secaram desde 1950, apesar de dar sinais de recuperação nos últimos anos, disseram na quarta-feira (21/03) à agência de notícias Efe fontes oficiais na véspera do Dia Mundial de Água.
Situado na fronteira com o Casaquistão, na desértica região noroeste de Xinjiang, o lago é uma das principais fontes hídricas para a agricultura da região, já que os lençóis de água subterrâneos são escassos, explicou um porta-voz local da administração de proteção ao meio ambiente.
Entre 1950 e 2000, a superfície do lago diminuiu de 1.200 para 500 quilômetros quadrados e, embora nos últimos anos tenha se recuperado graças a uma maior taxa pluviométrica, seu volume continua abaixo do que era registrado há meio século: 600 milhões de metros cúbicos frente a 3 bilhões.
A mudança climática e o aumento da população que vive nos arredores, além do maior uso da água para a irrigação dos terrenos, são as principais causas de deterioração do lago. Com uma profundidade média de apenas 1,4 metro, o lago é "muito sensível às mudanças nas chuvas" que voltaram a registrar uma significativa queda nos últimos meses.
"Pedimos ao governo que declare Ebinur uma área de proteção estatal e, ao mesmo tempo, estamos tratando de desenvolver uma agricultura mais conservadora com relação ao uso de água", disse o porta-voz. Nos últimos anos, a irrigação com giradores e através de gotejamento aumentou graças às tecnologias vindas de países como o Chile, ajudando a estabilizar um pouco a situação.
O Ebinur não é o único lago ameaçado na China. Mais da metade sofre uma grave deterioração devido à proliferação de indústrias em suas margens, que eliminam resíduos tóxicos sem controle. O Dongtin (na província oriental de Hunan), que já foi o maior lago de água doce do país e que, devido ao desenvolvimento imobiliário, se transformou no segundo, é um dos que se encontra em situação de calamidade.
Alimentado pelo também contaminado rio Yang Tsé, o mais longo do país, a superfície do Dongtin se reduziu somente no último meio século de 6.500 para 2.700 quilômetros quadrados. Na prática, o motivo principal é conhecido: a grande quantidade de juncos e árvores de rápido crescimento que vive no leito se transformou em material farto para as indústrias de papel. "Há mais de dez anos, a água do lago era tão limpa que podia ser até bebida. Agora é impossível", explicou o capitão de um pequeno barco que transporta juncos.
Além das fábricas de celulose, o volume diminuiu devido à incessante construção de represas na parte mais alta do curso do rio Yang Tsé e de seus afluentes, o que também intensifica a concentração de substâncias poluentes. Segundo o último relatório do grupo de defesa do meio ambiente WWF, o Yang Tsé é um dos dez maiores rios do mundo que "estão agonizando" como resultado da mudança climática, da poluição e das represas, o que multiplica as ameaças de escassez de água no mundo.
(Efe, 21/03/2007)
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