A Cooperativa Mista de Fumicultores do Brasil (Cooperfumos) pretende iniciar, ainda em abril, a implantação do Complexo Agroindustrial e Profissionalizante - Alimentos e Bioenergia do Vale do Rio Pardo. A informação é do presidente Gilberto Tuhtenhagem.
Na última segunda-feira (19/3), a Câmara de Vereadores autorizou a Prefeitura a doar uma área, de 41 hectares, para a Cooperfumos. O projeto, que provocou polêmica, foi aprovado com emendas. Uma pretende reduzir a gleba pela metade, ficando o restante como reserva técnica. Ontem, o dirigente conversou sobre ela com o prefeito José Alberto Wenzel (PSDB). “Não posso interferir nas questões que envolvem o Executivo e o Legislativo. Mas entendo que essa emenda deve ser vetada.”
Segundo o presidente, que também é coordenador regional do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), quando Rio Pardo desistiu do empreendimento e surgiu a oferta de Santa Cruz, com área bem maior, o projeto foi revisto e ampliado. No seu entender, seria complicado reavaliar a questão mais uma vez.
Destacou que a Cooperfumos apenas aguarda a liberação da documentação sobre a área, em Capão da Cruz, para começar a primeira etapa do projeto. “Inclusive, já estamos atrasados em nossos planos.” Explicou que, no mais tardar até o início de junho, devem estar plantadas 50 mil mudas de pinhão-manso e tungue, que são árvores aleaginosas. As mudas serão distribuídas para os pequenos agricultores. Se isso não acontecer agora, esse processo terá que ficar para 2008.
Tuhtenhagem disse que também serão instaladas estufas para a produção de outras mudas de plantas que permitem a extração de óleo, bem como lavouras de mandioca, cana, amendoim e girassol, e a unidade de pastoreio.
O investimento inicial, conforme Gilberto Tuhtenhagem, é de R$ 1,5 milhão. Será construído o prédio administrativo e o Centro de Formação de Agricultores. Haverá a abertura de poços artesianos e açudes, e a AES Sul fará a instalação da rede de luz. Depois, virá a primeira microusina de álcool. Sobre a participação da Prefeitura nos trabalhos, avaliou que será pequena. “Talvez a gente precise de algumas horas de retroescavadeira.”
MPA e Prefeitura avaliam emendas
Antes mesmo de receber oficialmente da Câmara de Vereadores as propostas de emenda ao projeto de doação da área de 41 hectares à Cooperfumos, o prefeito José Alberto Wenzel se reuniu ontem com a direção do MPA para debater o assunto. Por cerca de uma hora eles avaliaram as propostas apresentadas pelos vereadores durante a votação realizada em sessão extraordinária na segunda-feira.
Um dos pontos avaliados foi a emenda sugerida pelo vereador Carlos Augusto Gerhard (PMDB), de que o município deve fazer a doação da metade da área nesta primeira etapa do projeto. O restante ficaria condicionado ao resultado do empreendimento proposto pelos pequenos agricultores.
O prefeito já deixou claro que dessa maneira dificilmente vai aprovar a emenda, mas prefere aguardar para se manifestar oficialmente. A maior preocupação, no entanto, fica por conta do prazo para o início do projeto. De acordo com o cronograma apresentado pela Cooperfumos, a partir de abril já começaria a construção dos prédios.
Enquanto as análises não evoluem os investimentos ficam parados. Com isso todo o plano de ação previsto para o empreendimento estaria comprometido. “Essas discussões correm o risco de comprometer o andamento das obras”, avaliou o prefeito. As outras sugestões dos vereadores, devem ser acatadas sem maiores problemas.
(
Gazeta do Sul, 21/03/2007)