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2007-03-21
A Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente inaugura no próximo dia 30 a primeira unidade demonstrativa do programa Água Doce no assentamento Caatinga Grande, no município de São José do Seridó no estado do Rio Grande do Norte.

Criado em 2003 e lançado no ano seguinte o programa já atende cerca de 80 municípios e tem como objetivo aproveitar a água salobra ou salina da região semi-árida brasileira, através da recuperação de dessalinizadores (aparelhos que retiram o sal da água) que são responsáveis pela produção de água potável para as populações desses lugares.

O programa orienta que cada pessoa consuma cinco litros de água por dia. “Essa água não é para todos os usos, pois tem qualidade e por isso é somente para beber, cozinhar e fazer a higiene básica”, disse Renato Ferreira, coordenador Nacional do Programa Água Doce.

Ele explicou que como a evaporação da região é muito alta e o solo composto de muita rocha salina, os açudes do lugar estão em processo de salinização. Os poços são construídos em rochas com alta concentração de sais, que acabam sendo absorvidos pela água armazenada. Se a rocha for rica em cálcio, ferro ou magnésio a água também será rica nesses minerais.

Para o coordenador, o programa não pode ser confundido com um mero tratador de água, pois seu conceito é de sustentabilidade e convivência com a região. O programa também se apresenta como alternativa a característica cultural da região de formação de pequenas comunidades espalhadas. Com essa característica na região, não é possível adotar meios convencionais como as adutoras, que funcionam bem em médios e grandes centros.

“Não é aquele conceito de combate à seca, pois isso (a seca) faz parte desse ambiente. O desafio é saber como conviver, sabendo que todos os anos terá a seca e, em alguns conjuntos de ano, a seca é mais intensa e para isso temos que fazer estudos e usar as tecnologias disponíveis”, disse Renato Ferreira.

Até pouco tempo um dos problemas do uso dos dessalinizadores eram os rejeitos produzidos por esses aparelhos que eram jogados no ambiente sem tratamento causando impactos ambientais. O coordenador explicou que hoje é feito um estudo com esse material e, dependendo do nível de salinidade, é dado um fim distinto a esse material.

“Há o estudo da salinidade do rejeito e das outras fontes hídricas da região e percebemos que em alguns casos o rejeito apresenta uma salinidade menor do que os açudes e barreiros do lugar”, disse Renato Ferreira.

Quando se constata menor salinidade, o material pode ser usado para lavar roupas, já que não causa impacto ambiental. Quando o nível de salinidade é maior do que as outras fontes do lugar, o rejeito é concentrado em tanques que servem para a criação de tilápias ou utilizado para a irrigação de um tipo de planta forrageira proveniente da Austrália, a Artiplex ou erva-sal, muito resistente ao rejeito. Posteriormente, essa planta é utilizada para alimentação de animais na época de seca.

A meta do programa é criar 22 unidades demonstrativas, duas em cada estado do Semi-Árido brasileiro, equipadas com dessalinizadores, tanques de criação de peixe e hortas de erva-sal.
(Por Marcos Agostinho, Agência Brasil, 20/03/2007)
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/03/20/materia.2007-03-20.1674703636/view

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