Rússia negocia construção de central nuclear no Marrocos
2007-03-20
Uma delegação do consórcio estatal russo Atomstroyexport chegou a Marrocos, segunda-feira (19/03), para sondar com as autoridades marroquinas as possibilidades de construir uma central nuclear de uso civil, informaram fontes do Organismo Nacional da Electricidade (ONE).
As fontes assinalaram que os técnicos russos deslocar-se-ão ao local onde poderá ser construída a central nuclear, a primeira de Marrocos, para examinar as condições técnicas e financeiras do projeto, referiram as fontes citadas pela agência Efe.
Os técnicos irão nas próximas horas para a zona conhecida como Sidi Boulbra, situada a 350 quilómetros para sul de Rabat, na costa atlântica marroquina. O director geral do ONE, Yunes Maamaar, efectuou em Fevereiro uma visita a Moscovo para tratar este tema mas Marrocos ainda não tomou qualquer decisão.
As fontes acrescentaram que, se Marrocos decidir recorrer à energia nuclear civil para diversificar as suas fontes de abastecimento e satisfazer o crescimento do seu consumo interno, realizar-se-á um concurso internacional.
O Organismo Nacional de Electricidade já recebeu delegações canadianas e francesas interessadas na construção de uma central em Marrocos.
Em Espanha, o Partido Socialista Operário Espanhol das Canárias anunciou hoje que empreenderá várias iniciativas para que o Governo actue pela via diplomática com o objectivo de velar pelos interesses de segurança das Canárias, se Marrocos instalar uma central nuclear no seu litoral.
Também o presidente da Coligação Canária (CC), Paulino Rivero, anunciou que o seu partido apresentará iniciativas nas Cortes para conhecer a posição do Governo central sobre a possibilidade de Marrocos decidir construir esta central na sua costa atlântica.
Rivero, candidato à Presidência do Governo das Canárias, disse que a eventualidade de Marrocos construir uma central nuclear em Sidi Boulbra, «deve provocar inquietação» porque se «trata de uma zona, entre Agadir e Casablanca, de relevância sísmica, e a isto há que somar as correntes marinhas e o efeito dos alísios».
Considerou também que as Canárias «não podem permitir que se ponha em perigo a sua principal fonte de rendimentos, o turismo, caso vingue uma iniciativa destas características sem as garantias exigíveis».
(Diário Digital/Lusa, 19/03/2007)
http://diariodigital.sapo.pt/dinheiro_digital/news.asp?section_id=19&id_news=78956