EBX compra carvão boliviano para siderúrgica no Brasil
2007-03-20
A usina EBX Siderurgia, do empresário Eike Batista, mesmo sendo expulsa da Bolívia por não respeitar a legislação e prejudicar o meio ambiente, continua contribuindo com o desmatamento daquele país. A empresa está comprando carvão boliviano para sua nova usina que está sendo construída em Corumbá, Mato Grosso do Sul.
Paulo Monteiro, diretor de energia da EBX Siderurgia, declarou a folha de São Paulo, 14 de março, que o carvão a ser utilizado pela usina será produzido em MS, mas também não será dispensado o de origem estrangeira. "Nós compramos duas cargas de carvão boliviano pela oportunidade de mercado em janeiro ou fevereiro passado. O carvão foi legalmente fabricado na Bolívia. Porque não podemos comprar?", questionou. Ele também informou que o projeto em Corumbá nada tem a ver com o projeto na Bolívia.
Apesar da declaração os fatos mostram que a usina do Brasil tem tudo a ver com a usina da Bolívia. Outra notícia na Folha de São Paulo (17/03) informa que o presidente boliviano, Evo Morales, deve assinar ainda nesta semana um decreto permitindo que a EBX faça a desmontagem e retirada de equipamentos da usina siderúrgica em construção pela empresa em Puerto Quijarro, território boliviano, a 15 km de Corumbá (MS).
Apesar do prejuízo, cerca de US$ 30 milhões, a EBX não pretende pedir indenização ao governo boliviano. "Não pensamos nisso. Ainda temos outro projeto na Bolívia, uma termelétrica em conjunto com a CRE [Companhia Rural de Eletrificação, da Bolívia] em compasso de espera", disse Monteiro.
A termelétrica será construída em território boliviano em área próxima a Corumbá. Monteiro afirmou que os equipamentos tirados da Bolívia serão levados para o Amapá. Será? A usina é alvo de questionamento do Ministério Público Federal, que pediu a suspensão da obras por falhas no relatório sobre o impacto ambiental.
No Amapá, a EBX explora jazida de minério de ferro, tem concessão de ferrovia e um porto, no rio Amazonas, e deve construir uma siderúrgica de ferro-gusa.
(Rios Vivos, 19/03/2007)
http://www.riosvivos.org.br/canal.php?canal=167&mat_id=10357