EUA precisam diminuir emissão de poluentes, diz ex-chefe da CIA
2007-03-20
Os Estados Unidos precisam adotar medidas para diminuir a emissão de gases do efeito estufa e aderir à luta contra as mudanças climáticas sob pena de perder espaço no cenário mundial, afirmou um ex-diretor da CIA (agência de inteligência norte-americana) em um relatório divulgado na segunda-feira (19/03).
"Os EUA precisam adotar uma política de controle de emissão de carbono", afirmou John Deutch, chefe da CIA em 1995 e 1996, no relatório enviado à Comissão Trilateral, que reúne líderes empresariais e de opinião da Europa, dos Estados Unidos e da Ásia.
"Se os EUA ou qualquer outro país da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) que seja um grande emissor de gases do efeito estufa quiser continuar a ter liderança em outras áreas, ele não pode optar por ficar fora do processo político envolvendo as mudanças climáticas", escreveu Deutch.
O ex-chefe da CIA, um especialista em energia que hoje dá aula no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), também propôs ampliar o uso da energia atômica, aprofundar a cooperação internacional para desenvolver tecnologias de energia limpa e garantir que os custos pelo corte nas emissões seja dividido entre os países ricos e outros grandes emissores.
Deutch defendeu ainda a adoção de um imposto adicional de cerca de US$ 1 por galão de gasolina, diesel ou outro derivado do petróleo vendido nos EUA e a adoção de padrões mais rígidos de economia de combustível a serem seguidos pelas montadoras norte-americanas de automóveis, a fim de incentivar a eficiência no consumo e coibir a demanda. Ele reconheceu, porém, que haveria dificuldades políticas para adotar medidas desse tipo.
Deutch sugeriu ainda que o governo norte-americano utilize o mesmo sistema de compra e venda de cotas de emissão utilizado pela União Européia (UE) atualmente.
O relatório dele para o conselho, criado em 1973 com o intuito de discutir políticas de consenso entre as democracias capitalistas dos três continentes, é parte de uma série de estudos internacionais que pedem a adoção de medidas radicais no combate ao aquecimento da Terra.
(Reuters, 19/03/2007)
http://www.estadao.com.br/especial/global/noticias/2007/mar/19/179.htm