ESTARÍAMOS CAMINHANDO SOBRE BEBÊS...
2001-10-30
Em julho de 1998, o jornal ABC, um diário de Madrid, na Espanha, publicou uma matéria que chocou não só os alemães, mas os europeus e o mundo. Segundo o jornal, estariam sendo usados restos de abortos (eles são cerca de 4 mil por ano, em Berlim, e 50 mil, na Alemanha) para compor o material de pavimentação asfáltica das ruas. Tudo bem que a cidade esteja se reconstruindo - onde você passa há um andaime e uma escavação, sempre, de 200 em 200 metros, se vê uma obra. Tudo bem que a Alemanha tenha sido traumatizada por uma guerra estúpida que incinerou gente, e que tenha sido dividida por um muro que separou familias. Mas não se justifica, de modo algum, que se usem restos de bebês para amalgamar o chão que o cidadão alemão pisa... Os responsáveis pela empresa que gerencia resíduos na cidade, bem como os donos das clínicas de aborto lavaram as mãos da responsabilidade. Os fatos ainda estão sendo investigados - e a Igreja, um grupo episcopal, levantou a voz para saber quem são os malucos que estão fazendo isto (ou estavam). Com toda essa confusão, é difícil dizer se Berlim é ou não uma cidade limpa. Isto depende muito mais de comprotamento humano do que de política pública (coisa que não falta na Alemanha, onde cada plátano é planejado). Os 7% de estrangeiros (alguns refugiados) na cidade podem levantar a dúvida se não são eles os que jogam latas e papéis rua afora. Mas também não se pode julgá-los pela procedência, o que é racismo. O fato é que a média comum do cidadão de Berlim é bem comportada com relação ao meio ambiente. E a cidade não é suja, pelo menos não intencionalmente.