Destino do lixo nuclear não foi resolvido, dizem ambientalistas
2007-03-19
A destinação do lixo nuclear permanece como principal ponto de resistência para a retomada do projeto nuclear, de acordo com ambientalistas ouvidos pela Folha.
Atualmente, os rejeitos radioativos de baixo e médio teor, como roupas e luvas, são armazenados em tambores, guardados em depósitos anexos às usinas. Já os rejeitos de maior radioatividade ficam armazenados em piscinas dentro das usinas.
Segundo Ruy de Góes, diretor de Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, mesmo em países com maior tradição no setor, como os Estados Unidos, a questão ainda não foi equacionada.
"Esse material permanece perigoso por milhares de anos. Nos EUA há um grande debate sobre isso. Ninguém quer que o lixo fique no seu quintal", disse.
Goés destacou ainda que no Brasil, até hoje, não houve a escolha de um local que sirva como depósito dos rejeitos em caráter definitivo.
A energia nuclear é chamada por representantes do setor de "energia limpa" porque não emite gás carbônico, mas, na avaliação de ambientalistas ouvidos pela Folha, esse aspecto não minimiza os riscos envolvidos na operação.
Outras opções
Na avaliação do Ministério do Meio Ambiente, opositor no governo ao projeto nuclear, o país deveria investir mais em energia eólica.
"As usinas são alvos potenciais de ataques terroristas. Não há como garantir a segurança total e os efeitos de um acidente são grandes demais. O país deve investir em biomassa e em racionalização do consumo de energia", afirma Rebeca Lerer, coordenadora da Campanha de Clima e Energia no Brasil do Greenpeace.
(Por Janaina Lage, Folha de S. Paulo, 17/03/2007)
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi1703200720.htm