A doação de área do município de Santa Cruz do Sul para a Cooperfumos iniciar um projeto de geração de bioenergia, permanece indefinida. O governo municipal está preocupado, pois teme perder o investimento de R$ 4 milhões.
Desde o dia 5, tramita no Legislativo projeto doando uma área de 41 hectares para a Cooperativa Mista de Fumicultores do Brasil (Cooperfumos). A entidade, que é vinculada ao Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), está habilitada a captar, junto ao governo federal, uma verba necessária. Com os recursos, pretende implantar o Complexo Agroindustrial e Profissionalizante – Alimentos e Bioenergia do Vale do Rio Pardo.
O assunto vem centralizando os debates no Legislativo. Alguns vereadores consideram a proposta da Cooperfumos muito vaga. O presidente da Câmara, Ilário Keller (PTB), é um deles. “Não há nada concreto, a não ser um protocolo de intenções.” O grande lance do empreendimento, a princípio, seria a geração de álcool a partir da cana- de-açúcar. Mas, conforme ele, nem isso está claro.
Também diz que a Prefeitura, além de doar uma área avaliada em R$ 457 mil, se compromete a realizar obras de infra-estrutura, como terraplenagem, redes de água e luz e abertura de açudes. “Mas não especifica de quanto serão esses investimentos. Temos que ter cautela. Não podemos perder dinheiro e nem vender ilusão.”
A Cooperfumos tem um plano de investimentos no complexo, ao longo de dois anos. Confira:
2007
- Construção de prédios: de abril a novembro
- Plantio de cana: de agosto a novembro
- Plantio de floresta: setembro e outubro
- Implantação da microdestilaria e agroindústria de cana: junho e julho
- Unidade de pastoreio: de abril a julho
2008
- Funcionamento da microdestilaria: a partir de março
- Beneficiamento de grãos: de janeiro a agosto
- Esmagadora de óleo vegetal: de abril a agosto
- Fábrica de ração: de abril a agosto
- Distribuição de produtos agropecuários: de julho a setembro
- Coluna Retificadora de Álcool Combustível: de março a setembro
Indefinição pode prejudicar município
O líder do governo, César Cechinato, comentou que a indefinição poderá prejudicar Santa Cruz. De acordo com ele, existem outros municípios interessados no empreendimento. “Os vereadores estão sempre cobrando novos investimentos e a diversificação da economia. Quando surge uma oportunidade concreta, colocam empecilhos.”
Lembrou que o empreendimento tem tudo para dar certo. Se, no entanto, surgir algum embaraço, disse que a Prefeitura não terá prejuízos. A lei que doa a gleba estabelece que, se o investimento não sair em dois anos, a área voltará ao patrimônio do município. “Essa oposição ao projeto tem conotações políticas.”
Os 41 hectares ficam na RST–471, em frente ao portão de acesso ao Autódromo Internacional de Santa Cruz do Sul. Confirmada a doação, a Cooperfumos inicia as construções em abril.
Votação é marcada para segunda-feira
Na segunda-feira (12/3), o líder do governo, César Cechinato (PSDB), propôs um acordo de lideranças, para apreciar a matéria. André Scheibler (PTB) e Rui Baierle (PDT), no entanto, não concordaram, pois desejam mais informações.
Diante disso, o prefeito José Alberto Wenzel (PSDB) enviou correspondência à Câmara pedindo a convocação de uma sessão extraordinária, ainda esta semana, para a votação. Ontem à tarde, Ilário Keller marcou a reunião para segunda-feira, às 16 horas. O encontro será exclusivo para votar a doação da área. Às 18 horas, acontece a sessão ordinária.
Dificilmente, a Câmara deixará de aprovar a doação à Cooperfumos. Mas Keller antecipou que, caso haja empate, seu voto de minerva será contrário.
(Por José Augusto Borowsky,
Gazeta do Sul, 15/03/2007)