G8 pede maior envolvimento de emergentes no combate ao aquecimento
2007-03-16
A reunião de ministros do Meio Ambiente do G8 que começou na quinta-feira (15/03) terá como principais pontos a promoção do acordo sucessor do Protocolo de Kyoto e a tentativa de convencer os países emergentes de que o crescimento e o combate às mudanças climáticas não são opostos.
A afirmação foi feita pelo ministro alemão Sigmar Gabriel, em entrevista coletiva conjunta com o diretor do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Achim Steiner, na qual foram apresentados os objetivos da reunião de Potsdam, que começa na noite desta quinta-feira e vai até o sábado.
"As negociações internacionais sobre o clima precisam urgentemente de um impulso político. Em Potsdam, queremos falar com clareza sobre os problemas existentes para avançar e sobre possíveis caminhos para superá-los", disse o ministro. O G8 é formado por Estados Unidos, Canadá, França, Reino Unido, Alemanha, Itália, Japão e Rússia.
Gabriel destacou que o encontro dos ministros do Meio Ambiente do G8 terá, pela primeira vez, a participação de representantes dos cinco países emergentes de maior peso no cenário internacional - Brasil, China, México, Índia e África do Sul.
"Trata-se de cinco países que, nos próximos anos, devido a sua dinâmica econômica, terão grandes trabalhos (a fazer) na questão do Meio Ambiente", disse Gabriel, cujo país exerce este ano a Presidência do G8.
Para o ministro alemão, o mais importante é convencer os emergentes de que fazer esforços para a proteção do clima e da biodiversidade é uma vantagem para eles próprios.
Também é crucial, afirmou, acabar com as suspeitas de que os pedidos nesse sentido feitos por países industrializados visam a dificultar o desenvolvimento dos emergentes.
Para isso, segundo Gabriel, é necessário, de um lado, buscar em outros foros compromissos que atendam aos interesses desses países, como concessões na Rodada de Doha, e, do outro, mostrar com o exemplo que a ecologia e o crescimento não são opostos, mas complementares.
"Eles nos dizem: se vocês acreditam que a economia e a proteção ao clima não são opostos, mostrem com o seu exemplo", afirmou o ministro alemão.
Gabriel dá mais importância ao envolvimento dos países emergentes no processo de combate à mudança climática do que à necessidade de vencer a resistência dos Estados Unidos a assumir metas de cumprimento obrigatório.
"Inclusive no caso de que os Estados Unidos aderissem amanhã ao (Protocolo de) Kyoto, isso não resolveria o problema dos países emergentes", afirmou.
O ministro do Meio Ambiente da Alemanha também se mostrou convencido de que, quando os emergentes se mostrarem plenamente comprometidos com o processo, os americanos abandonarão sua resistência.
Em Potsdam, segundo Gabriel, será feita uma tentativa de discutir os diversos interesses existentes em torno da proteção ao meio ambiente, para criar uma base de negociação, em vez de voltar a expor posições nacionais já conhecidas.
Negociação e diálogo
Ele considera correta a comparação entre a ameaça representada pela mudança climática e a ameaça atômica durante a Guerra Fria. O caminho para combatê-la, acrescentou, deve ser o mesmo que o usado à época: a negociação e o diálogo.
"Critica-se o fato de estarmos agindo muito lentamente, levando em conta a dimensão da ameaça. Mas que chance existe a não ser continuar negociando?", questionou Gabriel.
O diretor do Pnuma, por sua parte, pediu que seja criado em Potsdam um novo clima de negociação, e que a reunião não comece com críticas sobre o que alguns países não fizeram e deveriam fazer, mas com um reconhecimento dos avanços nacionais.
Além disso, Steiner destacou que, para diminuir as mudanças climáticas, a comunidade internacional precisa enfrentar o enorme desafio representado por uma transformação radical da economia. "Do ponto de vista tecnológico, a transformação é viável. O desafio é conseguir a viabilidade política", disse.
(Efe, 15/03/2007)
http://www.estadao.com.br/especial/global/noticias/2007/mar/15/204.htm