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2007-03-15
A falta de dados confiáveis sobre acidentes industriais é uma realidade no Brasil. Segundo Carlos Machado de Freitas, pesquisador do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) da Fiocruz, a solução seria colocar em prática um sistema de registro integrado entre Defesa Civil, órgãos ambientais, de saúde, além de corporações como o Corpo de Bombeiros e Polícia Rodoviária Federal, entre outras. O especialista participou da elaboração de um projeto desse tipo que foi discutido no âmbito do Ministério da Saúde para ser testado nos cinco Estados mais industrializados do País (Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo, além do Distrito Federal).

Carlos Freitas lembra que foram dois anos de muita discussão e pactuação, com representantes de órgãos públicos. A idéia do Ministério da Saúde era manter um banco de dados confiável que contribuirá para estudos e políticas públicas de prevenção de acidentes. "Essa é uma grande lacuna que o Brasil precisa preencher porque quando acontecem acidentes, não só nas indústrias, mas também nas estradas, envolvendo cargas de produtos perigosos, os registros são feitos de forma isolada, prejudicando avaliações que nem sempre permitem a conexão desses acidentes com futuros impactos ambientais e de saúde”, explica o pesquisador.

Freitas lembra que mais de 90% dos casos envolvem emissões de poluentes na atmosfera e geram lançamentos de efluentes em corpos d´agua. “Embora tenhamos a falta de dados mais precisos sobre as principais causas no Brasil, podemos afirmar que os acidentes no País estão sendo tratados de forma simplista”, diz o especialista que é um dos autores do livro “Acidentes Industriais Ampliados – desafios e perspectivas para o controle e a prevenção” (editado pela Fiocruz em 2001).

Comunidade Ausente
Como forma de minimizar os problemas estruturais que enfrentam, geralmente, as empresas culpam os operadores quando ocorrem acidentes. “Esse é um exemplo da forma simplista como está sendo tratado um problema complexo no Brasil. Geralmente a vítima é tida como culpada, antes mesmo de qualquer investigação, e o problema nunca é relacionado com o contexto no qual o acidente ocorreu”, afirma Freitas. O pesquisador também aponta como outro erro recorrente a falta do envolvimento das comunidades em planos de emergência, ou a existência de planos “que não saem do papel”.

Em sua tese de doutorado, o pesquisador fez um estudo de caso de um acidente ocorrido nas instalações da Bayer, também em Belford Roxo, em 1992. “É inaceitável que 15 anos depois as comunidades continuem alegando que não sabem o que fazer em uma situação de acidente. Precisamos tirar leis e planos de emergência do papel, treinar pessoal para atender a população e realizar diagnósticos mais precisos, identificando sinais e sintomas compatíveis com os problemas, além de preparar os órgãos ambientais para monitorar os produtos lançados na atmosfera e no meio ambiente de uma forma geral”, defende Carlos Freitas.

O pesquisador ressalta ainda que em casos de comunidades carentes, vivendo próximas de áreas de produção de agroquímicos e outros produtos tóxicos, os impactos causados pelas emissões de poluentes no cotidiano, ou em decorrência de acidentes, são mais fortes do que em circunstâncias envolvendo populações bem nutridas e com melhores condições de vida. Para ele, é necessário o monitoramento rigoroso das atividades das empresas que manipulam agrotóxicos e outros produtos tóxicos, além de acompanhamento da saúde da população que trabalha e vive no entorno desses empreendimentos.

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Por Elizabeth Oliveira
A reportagem de Elizabeth Oliveira constitui um marco diferencial pois foi patrocinada solidária e voluntariamente por diversos jornalistas ambientais que participam da RBJA – Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental, sendo veiculada espontaneamente por diversos veículos da mídia ambiental engajados em estimular e exigir maior investimento em jornalismo ambiental investigativo.

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