Diretor do Ibama que suspendeu desmatamento defende criação de parque da Serra Vermelha (PI)
2007-03-15
Entrevistado pela revista Com Ciência Ambiental, na sua edição de março, o diretor nacional de Floresta do Ibama, Antônio Carlos Hummel, o mesmo que determinou a suspensão do projeto Energia Verde, na Serra Vermelha, se mostrou favorável à criação do Parque Nacional Serra Vermelha, entre os municípios de Curimatá, Morro Cabeça no Tempo, Redenção do Gurguéia e Bom Jesus, no sul do Estado do Piauí.
Na entrevista, Hummel diz que, "se for preciso fazer uma unidade de conservação na Serra Vermelha, nós a faremos com certeza". Segundo ele, é quase certa a existência da Mata Atlântica na região. "O Ibama, em conjunto com o Ministério do Meio Ambiente, vai sugerir às instâncias maiores a criação de uma unidade de conservação", afirma.
Em outro trecho, o diretor de floresta diz que "o projeto foi paralisado por minha determinação, após uma vistoria na área. Requisitei o processo para Brasília e verificamos que faltava o cumprimento de algumas instruções normativas do Ibama com relação ao geoprocessamento da área e que havia dúvidas quanto à questão fundiária. Depois solicitaremos do governo do estado do Piauí, informações que confirmem se, efetivamente, essas terras são legítimas, e o título de domínio dessa área. Para nós, é fundamental ter uma posição dos órgãos fundiários com relação a esse tema", explicou.
A entrevista na Com Ciência Ambiental foi em resposta a publicação, mês passado, de uma denúncia sobre o desmatamento na Serra Vermelha para a produção de carvão. Segundo a JB Carbon, a meta da empresa é chegar aos quatro milhões de toneladas de carvão nos 13 primeiros anos do empreendimento.
De acordo com a editora da revista, Cilene Victor, a repercussão na imprensa nacional acerca do desmatamento, provocou uma enxurrada de cartas e telefonemas de leitores querendo entender as diferenças entre manejo florestal e desmatamento.
"A indignação, na sua maioria, decorreu da interpretação de ter havido omissão e jogo de interesses por parte dos órgãos competentes de meio ambiente, tanto na esfera estadual quanto federal, além do silêncio inaceitável do governo do estado do Piauí", explicou a jornalista no editorial da publicação que tem circulação nacional.
(Por Tânia Martins, Rios Vivos, 14/03/2007)
http://www.riosvivos.org.br/canal.php?canal=50&mat_id=10347